Um novo centro vai nascer no Dragão

Um novo centro vai nascer no Dragão
| Porto
Henrique Ferreira

A construção do Estádio do Dragão, em 2003, foi o mote para uma revolução há muito sonhada. Ancorada no novo equipamento desportivo, toda a zona envolvente do Dragão transformou-se ou está a transformar-se num dos principais centros de habitação, comércio e serviços da cidade. Agora, 20 anos depois, Campanhã tem novamente grandes projetos no horizonte que irão consolidar, ainda mais, a freguesia e criar em torno do Dragão um novo centro.

 
 
 
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Entre os novos projetos destacam-se o novo Matadouro Industrial do Porto, cujas obras já começaram, e o Terminal Intermodal de Campanhã (TIC), que já está ao serviço da população há mais de um ano. Para a próxima década estão ainda previstas a construção de uma nova linha de metro, que vai ligar o Dragão ao centro de Gondomar, a chegada da Alta Velocidade, que inclui a ligação direta ao aeroporto, à Galiza, a Lisboa e uma nova travessia sobre o Douro, e a reativação do serviço de passageiros da linha ferroviária de Leixões, já em 2024.

Para Manuel Salgado, o arquiteto responsável pelo Plano de Pormenor das Antas (PPA) e pela construção do Estádio do Dragão, os novos projetos “vão aumentar a acessibilidade” e “valorizar” ainda mais a zona oriental da cidade, permitindo que se transforme uma centralidade urbana e regional.

TIC serviu mais de cinco milhões de passageiros no primeiro ano

Depois de muitos atrasos nas obras, o Terminal Intermodal de Campanhã abriu portas em julho de 2022 com o objetivo de concentrar os serviços rodoviários de longo curso ao lado da principal estação de comboios da cidade.

A poucos metros do Estádio do Dragão, o TIC é agora um dos principais interfaces de transportes do Porto. Segundo dados do município, no primeiro ano de atividade, a infraestrutura serviu mais de cinco milhões de passageiros.

As principais críticas ao espaço prenderam-se, numa fase inicial, com a falta de condições do terminal para as carreiras urbanas, uma vez que os cais de embarque eram demasiado altos, mas a procura tem sido sobretudo para as viagens intercidades para entrar e sair do Porto, tendo em conta que os preços dos autocarros são cada vez mais competitivos face ao comboio, por exemplo.

Reconversão do Matadouro começa a ganhar forma

Mais de dois anos depois da entrada das primeiras máquinas no antigo Matadouro Industrial do Porto, os edifícios começam a livrar-se do entulho e as estruturas a ganhar forma para, até ao final de 2024, concretizar-se um projeto “âncora” para a freguesia de Campanhã e para a cidade.

O espaço vai funcionar como complexo empresarial, mas terá também museus, auditórios, restauração e serviços municipais. No plano, está ainda prevista a construção de uma ponte pedonal que vai ligar o novo espaço ao Estádio do Dragão.

Tal como o Porto Canal noticiou, o projeto sofreu recentemente alterações que vão obrigar à demolição do edifício da 4ª esquadra da PSP na Corujeira e do antigo pórtico de entrada do espaço.

Nova linha de metro vai ligar o Dragão a Gondomar

Para o futuro, está também prevista uma nova linha de metro na zona das Antas. O projeto Dragão-Souto vai finalmente avançar e ligar o estádio ao centro de Gondomar.

De acordo com o plano de expansão apresentado pela Metro do Porto, em outubro deste ano, a nova linha vai ter estações em São Roque e nos bairros do Cerco e do Lagarteiro, fazendo depois a ligação ao Hospital Fernando Pessoa e ao Souto.

Apesar disso, a linha agora apresentada sofreu alterações significativas face ao primeiro plano previsto, que data de 2008. Em entrevista exclusiva ao Porto Canal, Tiago Braga, presidente da Metro do Porto, explica que “do ponto de vista do estudo de impacte ambiental, um viaduto pelo Vale de Campanhã seria sempre visto como ameaça”.

Alta Velocidade pode chegar em breve

Apresentada em setembro de 2022, a nova linha de alta velocidade pretende ligar Lisboa ao Porto em apenas uma hora e 15 minutos no serviço direto. No Porto, Campanhã vai ser a estação principal, sendo depois garantida a ligação ao Aeroporto Francisco Sá Carneiro.

Aliás, tal como avançou o Porto Canal, o Governo decidiu mesmo antecipar a construção do troço entre Campanhã e o Aeroporto para a primeira fase do projeto. O objetivo era, segundo o Ministério das Infraestruturas, à data liderado por Pedro Nuno Santos, aumentar a competitividade da principal estrutura aeroportuária do Norte.

O projeto, que vai começar a ser financiado com o excedente orçamental previsto para 2023, tem um custo estimado de 4,5 milhões de euros e pretende depois fazer a ligação a Vigo, na Galiza.

Além da futura estação, que vai reforçar a importância da zona oriental da cidade, a nova linha vai exigir a construção de uma nova travessia sobre o Douro, com uso exclusivo para a alta velocidade.

Segundo a Câmara Municipal do Porto, a inserção da nova ponte é ainda compatível com qualquer um dos projetos previstos para o ramal da Alfândega, que está desativado desde 1989 e poderá ainda incorporar uma travessia rodoviária à cota baixa.

Futuro da linha de Leixões com luz ao fundo do túnel

Com início em Campanhã e segunda paragem em Contumil, a linha de Leixões poderá também estar prestes a entrar numa nova fase, o que poderá ajudar a revitalizar ainda mais a zona das Antas.

A Metro do Porto já anunciou que a construção da nova linha de São Mamede vai usar parte da esteira do canal ferroviário e a CP deverá reativar o serviço de passageiros até ao final de 2024.

Aliás, essa foi uma das últimas garantias deixadas por João Galamba. Durante a discussão na especialidade do Orçamento do Estado, o ex-ministro das Infraestruturas confirmou que o Governo está a trabalhar para reabrir o serviço com frequências superiores a um comboio por hora.

“Zona de grande qualidade ambiental e de grandes acessibilidades”

Os cinco investimentos previstos para o futuro têm um denominador comum: o Estádio do Dragão. Ao longo dos últimos 20 anos, a infraestrutura desportiva tornou-se no centro da zona oriental da cidade e é agora pólo de atração de novos projetos.

Em entrevista ao Porto Canal, Nuno Cardoso, antigo presidente da Câmara Municipal do Porto, vê com “bons olhos” o desenvolvimento da área envolvente ao Estádio do Dragão. “É uma zona natural de expansão da cidade”, assegura.

Para o antigo autarca, que esteve envolvido desde o início no Plano de Pormenor das Antas, a zona é dotada de “grande qualidade ambiental e de grandes acessibilidades” e, por isso, tem todas as características para um “investimento futuro mais orientado”.

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