Eleição de Trump é um toque a despertar para o Mundo - Papandreou
Porto Canal com Lusa
Lisboa, 09 nov (Lusa) - O antigo primeiro-ministro grego George Papandreou considerou hoje que a eleição de Donald Trump para presidente dos Estados Unidos é um "toque a despertar" para todo o mundo, porque as suas "políticas de isolamento" só agravam os problemas.
"Este é um toque a despertar para todos nós no Mundo porque a nossa sociedade tem grandes problemas, mudanças rápidas, grandes desigualdades - onde a riqueza está concentrada em 1 por cento [das pessoas], as mudanças tecnológicas e uma economia que está a marginalizar uma grande parte do mundo", afirmou à agência Lusa o ex-chefe de Governo grego.
Para Papandreou, que falava à margem da Web Summit que decorre em Lisboa, a sociedade moderna tem de resolver o problema da distribuição de poder e riqueza e lidar coletivamente com alterações climáticas, pandemias ou paraísos fiscais".
"Se não o fizermos vamos ver mais raiva e vamos ver mais do mesmo, quer seja no Brexit ou nos Estados Unidos", disse Papandreou.
O antigo chefe de Governo grego disse que "a mera ideia de que podemos resolver estes problemas isolando-nos, de que podemos construir muros à volta dos problemas não vai resolver as questões globais", numa referência a várias das propostas de Donald Trump em campanha.
"Precisamos de mais cooperação entre países. É claro que eu tenho grandes diferenças de opinião [com Donald Trump] não só de estilo, mas também nas políticas que ele anunciou na campanha. A questão é o que ele vai fazer na prática", contrapôs.
Primeiro-Ministro grego de 2009 a 2011, Papandreou salientou que os problemas recentes - nacionalismos e populismos - as democracias modernas não estão suficientemente profundas.
"O que temos é um sistema representativo em que entregamos imenso poder a uma pessoa durante quatro anos, quando deveríamos estar a dizer 'Como é que damos mais poder aos nossos cidadãos, para que estes façam parte das soluções'", realçou George Papandreou.
Se o sistema funcionasse com uma participação mais ativa dos cidadãos, "toda a gente não estaria tão preocupada sobre quem é o presidente".
Por outro lado, o Brexit e a eleição de Donald Trump apanha a Europa num momento delicado.
"Temos de democratizar a União, temos de pensar em eleger o presidente da Comissão - talvez não com os mesmos poderes, claro - mas temos chefes de comissão e do Conselho. Vamos elegê-los, vamos deixar as pessoas votar", propôs.
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