Mega processo de corrupção no Benfica declarado “urgente” pelo Ministério Público
Porto Canal
O mega processo de corrupção no Benfica, em que vários administradores e a própria SAD são arguidos, foi declarado urgente pelo Ministério Público. De acordo com o despacho a que o Porto Canal teve acesso, na base da decisão estão os factos apurados no decurso da investigação e o risco de prescrição.
A investigação teve origem nos e-mails do Benfica divulgados no programa Universo Porto da Bancada, no Porto Canal, desde junho de 2017. Ao também chamado “Caso dos e-mails” juntaram-se mais tarde outros seis inquéritos, e, em outubro de 2018, foi constituído pelo Ministério Público um mega processo.
Em causa, noticiou o Jornal de Notícias à data, está a alegada prática de crimes de corrupção desportiva, tráfico de influências e oferta e recebimento indevido de vantagem. Face à “excecional complexidade” do caso, o Ministério Público pediu mais tempo para a investigação.
Num despacho a que o Porto Canal teve acesso, pode agora ler-se: “Atenta a factualidade que no decurso da investigação se apurou, e considerando a data dos factos e o risco de prescrição do procedimento criminal, determina-se, atenta a urgência, que no presente processo não sejam aplicadas as limitações referidas no art. 103.º, n.º 1 do Código de Processo Penal.” Assim, atribuiu-se um “caráter urgente aos presentes autos.”
Benfica SAD e administradores arguidos
A 3 de janeiro de 2023, a SAD do Benfica foi constituída arguida, por ser, no entender do Ministério Público, a principal beneficiária da adulteração de resultados desportivos, desde 2013 e ao longo das cinco épocas seguintes, que estarão sob a mira das autoridades. Segundo a investigação — deu conta a CNN a 7 de janeiro —, O Benfica terá montado uma “teia de subornos junto do mundo da arbitragem e até de jogadores de equipas adversárias.”
O clube da Luz confirmou em comunicado a constituição de arguidos, que visou não só a SAD, mas também “os membros do Conselho de Administração no mandato 2016 a 2020 e que se encontram atualmente em funções.”
Divulgação condenada
A divulgação dos e-mails do Benfica no Porto Canal, na origem de parte das investigações contempladas no mega processo de corrupção centrado no clube da Luz, foi objeto de decisão judicial a 12 de junho.
Francisco J. Marques e Diogo Faria, respetivamente Diretor de Informação e Comunicação e Diretor de Conteúdos do FC Porto, foram condenados.
Os responsáveis portistas tinham sido acusados pelo Ministério Público em fevereiro de 2020, após o inquérito em que eram arguidos ter sido declarado urgente em Outubro de 2019.