Oito ‘padres’ dos e-mails na mira da justiça
Porto Canal
A 6 de junho de 2017, o diretor de informação e comunicação do FC Porto revelou um conjunto de e-mails e imputou ao Benfica um “esquema de corrupção.” Uma troca de mensagens entre Pedro Guerra e Adão Mendes falava de padres, referindo-se a oito árbitros que alegadamente estariam na esfera do Benfica. Notícias recentes revelam que os oito estão na mira da justiça.
Francisco J. Marques começou por dar a conhecer um e-mail trocado entre Pedro Guerra, então diretor de conteúdos da BTV, e Adão Mendes, antigo árbitro da AF Braga e que se assumia como uma espécie de interface com alguns juízes. Nessas mensagens, os dois referiam-se aos árbitros como “padres.” Ao todo eram oito — Bruno Esteves, Manuel Mota, Jorge Ferreira, Nuno Almeida, Vasco Santos, Hugo Pacheco, Rui Silva e Paulo Baptista.
Nos e-mails, Adão Mendes garantia a Pedro Guerra que o Benfica iria ter os padres que escolhesse e ordenasse, nas “missas” que ordenasse. Para isso, garantia Mendes, só tinham de rezar e cantar bem.
Dos oito “padres”, apenas dois, Manuel Mota e Nuno Almeida, continuam a pisar os relvados dos escalões profissionais do futebol português, após o afastamento precoce dos restantes.
Notícias recentes revelam que os oito ‘padres’ alvo de denúncia no programa Universo Porto da Bancada do Porto Canal estão agora na mira da justiça. Segundo começou por avançar a CNN Portugal, os procuradores encontram-se a investigar os registos financeiros de todos os envolvidos de forma a averiguar suspeitas de corrupção desportiva através de recebimentos indevidos. De acordo com a estação televisiva, a lista é composta pelos nomes de Nuno Cabral, Manuel Mota, Paulo Batista, Ferreira Nunes, Bruno Paixão, Pedro Guerra, Jorge Ferreira, Bruno Esteves, Adolfo Oliveira, Vasco Santos, Hugo Pacheco, Adão Mendes e Deus Pereira.
Nomes de código nos e-mails
A utilização de nomes de código era frequente e veio a público na divulgação dos e-mails do Benfica. Inicialmente, Pedro Guerra chegou a sugerir que com “padres” queria referir-se a comentadores, mas mais tarde Adão Mendes, no âmbito do inquérito e do julgamento pela divulgação dos e-mails no Porto Canal, confirmou tratar-se de árbitros de futebol.
O envio de informação confidencial sobre árbitros para o Benfica, através de correspondência trocada com Pedro Guerra, vinha acompanhado de uma vasta lista de nomes de código: “padres”, “missas”, “juventude operária”, “primeiro-ministro”, “esfolar do cabrito” são disso exemplo.
Segundo Adão Mendes, o código “missas” era relativo a jogos de futebol, enquanto “padres” eram os árbitros. Já quando se referia à “juventude operária”, Adão Mendes reconheceu que falava das “camadas jovens.” Questionado sobre quem era o "primeiro-ministro", Adão Mendes começou por garantir que não se recordava, mas acabou por confessar que era mesmo Luís Filipe Vieira.