Dois membros da Assembleia Municipal Porto eleitos pelo Movimento Rui Moreira vão abster-se na votação de uma moção apresentada pela própria bancada. De acordo com uma mensagem a que o Porto Canal teve acesso, Pedro Schuller e Fátima Ferreira da Silva, ambos militantes da Iniciativa Liberal, estão em ruptura com a direção da bancada liderada por Raúl Almeida, à qual imputam uma “manifesta incapacidade de orquestrar a atividade política.” No centro da polémica está a submissão de uma proposta pela direção da bancada em nome do grupo municipal, segundo o protesto de Schuller, sem o conhecimento prévio dos restantes membros.

“Não posso aceitar, portanto, que, reiteradamente, as moções apresentadas em nome de todos os elementos desta bancada não tenham, no mínimo, o conhecimento da mesma prévio à sua submissão”, pode ler-se numa mensagem do deputado Pedro Schuller enviada para toda a bancada.

O líder do grupo municipal Rui Moreira, contactado pelo Porto Canal, desvaloriza a situação. “São duas abstenções, estamos em crer que a proposta passará sem problemas, que acolhe, curiosamente, um grande consenso. Será uma coisa que ficará na consciência desses dois deputados”, afirma.

O funcionamento da bancada é uma das principais críticas do deputado Pedro Schuller, focando-se também na dispensa de propostas de moções. Escreve o deputado eleito pelo movimento que apesar do interesse demonstrado por membros da assembleia municipal “na participação no desenvolvimento de moções sobre esta mesma temática, em assembleias anteriores, inclusive através da submissão de não uma, mas várias propostas de moções” elas acabariam “dispensadas com desculpas várias”.

O líder da bancada, desagradado com a atitude do deputado que a integra, responde de forma acutilante. “Quando as propostas não têm mérito, relevância ou pertinência, obviamente a direção da bancada não lhes dá seguimento”, refere ao Porto Canal.

Raúl Almeida frisa que não tenciona retirar a confiança política apesar da abstenção da moção apresentada pelo movimento. Não estou aqui para quartar a liberdade de ninguém”, frisa, acrescentando: “Outra questão seria se houvesse disciplina de voto para este tema. A leitura disto é política. O Pedro Schuller se quer abster-se de uma moção que é apresentada pelo grupo pelo qual foi eleito e pelo qual foi a votos e que está conforme o programa eleitoral pelo qual foi eleito, o eleitorado, mais do que qualquer atitude que eu possa tomar, saberá ler essa postura”.

Também a deputada Fátima Ferreira da Silva se irá abster na votação. Justifica a opção porque não concorda “na íntegra com o texto da moção”, refere numa mensagem a que o Porto Canal teve acesso.