Arrancaram demolições no edifício onde mataram Gisberta
Pedro Benjamim
Já arrancaram as obras do edifício onde mataram Gisberta, na Avenida Fernão de Magalhães, junto ao Campo 24 de Agosto. Parte do esqueleto de betão foi já demolida. Para o local, um terreno com 11.800 m2, está previsto um edifício de habitação e serviços com 23 pisos de altura e dois subterrâneos.
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Em fevereiro de 2023, o projeto estava a cargo da Lucios Real Estate, que deixou, entretanto, de deter a exploração da obra, confirmou fonte da empresa ao Porto Canal.
A empresa titular do imóvel, PGIP II PORTO – Investimentos Imobiliários, SA, detém um alvará para a “conclusão de obras inacabadas”, que estão a cargo da Avenue Real Estate.
A PGIP II PORTO – Investimentos Imobiliários, SA é a denominação atual da antiga EDISUPA – Sociedade de Construções, SA, que detém a totalidade do terreno. Em 1991, adquiriu 62% da propriedade ao grupo brasileiro Pão de Açúcar, denominada SUPA – Companhia Portuguesa de Supermercados. Os restantes 38% chegaram a ser comprados pela Ernesto Vieira & Filhos em 2000, mas em 2018 estes 38% foram adquiridos pela EDISUPA, garantindo os 100% da propriedade.
De acordo com documentos a que o Porto Canal teve acesso, foi realizada uma hipoteca de 2,1 milhões de euros sobre o terreno em 2021, através do fundo de dívida Frux Capital, com sede no Luxemburgo.
A administração da empresa proprietária do terreno sofreu alterações em junho de 2023. Aniceto Viegas, diretor executivo da Avenue Real Estate, que detém a obra, foi nomeado vogal. Foi também nomeado Juan Ramon Manzanaro como presidente, além de Alia Elgazzar para vogal, ambos quadros da empresa Aermont, uma gestora de ativos.
Em 2019, soube-se que ali iria nascer o Edifício Pacífico, um projeto que chegou a prometer um investimento de 97 milhões de euros e que incluía novos espaços comerciais, serviços, residências e um hotel de 231 quartos. De acordo com as previsões, o projeto estaria concluído no terceiro trimestre de 2022. Segundo o alvará de construção, o prazo previsto para a conclusão da obra é 14 de junho de 2024, porém, os trabalhos ainda se encontram numa fase inicial.
O terreno, a poucos metros de distância do Campo 24 de Agosto, vive na memória dos portuenses, depois do trágico acontecimento de 2006, quando já estava erigida a estrutura de betão. A 22 de fevereiro um grupo de jovens matou Gisberta Salce Júnior, que era vítima de repetida violência. Aos 45 anos fora encontrada num poço sem vida.
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