Bloco de Esquerda da Póvoa de Varzim sugere criação de portal de reclamações da rede Unir
Porto Canal/Agências
O Bloco de Esquerda (BE) da Póvoa de Varzim sugeriu este domingo a criação de um portal de reclamações da Unir, a nova rede de transportes da Área Metropolitana do Porto (AMP) que tem gerado muitas críticas.
Em comunicado, o BE começa por dizer que expôs o tema junto do executivo municipal da Póvoa de Varzim pois tem recebido “inúmeras” queixas.
“O Bloco de Esquerda está preocupado com o enorme transtorno que o arranque da Unir está a causar no quotidiano dos poveiros e das poveiras, e apela ao executivo municipal que intervenha junto da AMP para proceder todas as diligências para solucionar os problemas denunciados, que sejam disponibilizados os horários e rotas nas paragens e que seja criada um portal para que as pessoas possam reclamar e reportar todas as anomalias relacionadas com a Unir”, lê-se na nota.
O BE enumera queixas como “os transportes dos estudantes das freguesias para as escolas da cidade terem visto o tempo de percurso alterado de 10 minutos para 45 minutos, bem como relacionadas com o facto das novas paragens serem agora mais distantes”.
Os bloquistas especificam, ainda, o caso de um grupo de utilizadores da antiga linha 3503 que fazia a ligação entre a Póvoa de Varzim e o Porto, que, diz o BE, viram o seu transporte público diário modificar o percurso e assim acrescentar pelo menos mais uma hora à sua deslocação diária para ambos os lados. Este percurso antes da entrada da Unir era efetuado pela N13, Circunvalação e São João.
“As pessoas que trabalham junto à Via Norte (SONAE) ficaram sem transporte público. O autocarro, agora, passa pelas freguesias de Matosinhos até Montes Burgos, que já são servidas pelos serviços da Maré e STCP”, acrescentam.
Baseando-se em relatos, o BE diz que quem utiliza esta linha está agora perante “uma situação impossível de compatibilizar nos horários das viagens com o horário de trabalho e com os horários das escolas e/ou creches dos filhos, impedindo o apoio à família, acumulando atrasos ao longo do dia”.
“Entendemos que é imperativo um rápido investimento em veiculação de informação simples e acessível sobre as linhas e horários, assim como a garantia de que existe capacidade de acompanhamento dos atrasos ou não passagem dos autocarros em tempo real”, defende o BE.
A Unir começou a operar no dia 01 de dezembro, feriado de sexta-feira, substituindo os serviços efetuados pelos cerca de 30 operadores privados rodoviários na AMP, como por exemplo a Caima, Feirense, Transdev, UT Carvalhos, Gondomarense, Pacense, Arriva, Maré, Landim, Valpi, Litoral Norte, Souto, MGC, Seluve, Espírito Santo, entre outros.
No Porto e nos concelhos vizinhos, o serviço da STCP (Sociedade de Transportes Coletivos do Porto) mantém-se inalterado.
Toda a rede Unir utilizará o sistema de bilhética Andante, e acaba com um modelo de concessão linha a linha herdado de 1948, já que o concurso público foi dividido em cinco lotes, ainda que todos operem sob a mesma marca.
A rede utilizará quatro dígitos para identificar as linhas, seguindo uma lógica de atribuição por concelho, e contará com autocarros azuis, brancos e pretos. A AMP vai desembolsar um total de 311,6 milhões de euros ao longo de sete anos no âmbito da nova rede de transportes públicos rodoviários, segundo os contratos.
A 7 de dezembro, o presidente da AMP, Eduardo Vítor Rodrigues, admitiu que o arranque "em pleno" da Unir possa acontecer apenas no início do próximo ano.
"Eu quero acreditar que no início do ano nós estamos a arrancar em pleno, e depois a partir daí é conseguir atingir os patamares de excelência", disse à agência Lusa o também presidente da Câmara de Vila Nova de Gaia, no distrito do Porto.
No sábado um grupo de utentes realizou uma manifestação em frente à câmara de Vila Nova de Gaia para exigir melhorias na Unir. “Exigimos mais respeito pelos utentes. A Unir é incompetência, injustiça, vergonha e desrespeito pelos cidadãos”, lia-se nos cartazes de um grupo de cerca de meia centena de utentes.