Será um ‘adeus’ ou um ‘até já’ nas viagens a bordo da Gondomarense?
Catarina Cunha
Surgiu em 1939 em gesto de homenagem aos filhos da terra, os gondomarenses, e passados 84 anos a servir Gondomar, a Empresa de Transportes Gondomarense (ETG) fez, esta quinta-feira, o seu último serviço pelas carreiras daquele concelho do distrito do Porto.
O ciclo encerrou-se devido à entrada em funcionamento da nova rede de transporte metropolitano do Porto, a UNIR, que vem substituir um modelo de concessões “linha a linha” herdado de 1948. Recorde-se que o novo serviço de transporte público da Área Metropolitana do Porto (AMP) abre portas esta sexta-feira.
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A Gondomarense ao longo da sua história assentou o seu serviço no transporte interurbano de passageiros ao ligar algumas freguesias de Gondomar até ao centro do Porto, dedicando-se também aos serviços de aluguer e ao turismo, com uma frota específica para tal.
O ano de 1957 foi marcante para a operadora, uma vez que comprou as outras duas empresas de transporte que atuavam no município. Com esse passo, fortaleceu o desenvolvimento e a dinâmica da então vila de Gondomar, que à época estava a tornar-se num ícone a nível nacional, fruto do trabalho desenvolvido com o ouro e a filigrana.
Posteriormente, em 1989, a Gondomarense é adquirida pelo Grupo JAL, que congrega o seu universo entre Portugal e Brasil. Desde aí, foi um ‘saltinho de pardal’ até chegar ao século XXI. Pelo caminho, renovou a frota automóvel e criou instalações fixas para o atendimento ao público e implementou oficinas para o parqueamento dos veículos urbanos.
Até aos dias de hoje, a transportadora operava em carreiras que também serviam os concelhos limítrofes a Gondomar, como Valongo e Ermesinde.
Contudo, este não será um ‘adeus’ definitivo à Gondomarense, sendo apenas um ‘até já’. Ao que o Porto Canal apurou a empresa não vai fechar portas, tendo já em mente um projeto na mesma área de atuação, que até ao momento não foi revelado.
A Gondomarense operava também em Valongo e Ermesinde
Terminal rodoviário vai nascer no centro de Gondomar
A falta de veículo pessoal e o aumento do custo de vida guiaram as pessoas a optarem pelos transportes públicos. Apesar da frequência da Gondomarense, os passageiros daquele município queixavam-se de que a oferta disponível era limitada, deixando certas freguesias completamente isoladas.
Questionado sobre o assunto pelo Porto Canal, o presidente da Câmara Municipal de Gondomar, Marco Martins comentou que a nova rede de transportes UNIR vai aumentar “em mais de 37% a oferta de transporte público” no município.
“Passamos de 90 para 300 circulações por dia na rede UNIR, face à Gondomarense”, frisou o edil, assumindo que a nova rede de autocarros vai “contribuir para mais mobilidade e até para a descarbonização do planeta”.
Por exemplo, “Ermentão e Melres têm mais oferta e mais horários”, acrescentou o autarca.
A nova rede de autocarros que vai servir Gondomar utiliza quatro dígitos para identificar as linhas, sendo que o primeiro número manter-se-á o 8.
Para albergar os autocarros do novo serviço público de transporte metropolitano, a Câmara construiu um “mini terminal rodoviário” no Largo do Souto, aquele que é para muitos gondomarenses o coração do concelho.
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