Novo Secretário de Estado do Ambiente vendeu empresa a lóbi do lixo que detém o aterro sanitário de Valongo

Porto Canal
Algumas horas depois da demissão da secretária de Estado que menos tempo ocupou a pasta, são agora tornados públicos, através do semanário Sol, factos de um possível novo conflito de interesses que envolve outro membro do governo.
Hugo Pires, vice-presidente da bancada do PS desde 2015 e recentemente empossado secretário de Estado do Ambiente, vendeu, em 2021, o seu ateliê de arquitetura e reabilitação urbana, a CRIAT, a uma empresa agrícola, de nome “Penedo do Frade”. A empresa em questão é detida por duas irmãs que também são sócias e irmãs dos dois acionistas principais do grupo Semural. A empresa de tratamento de lixo e resíduos tem estado envolta em polémica relativamente ao aterro sanitário de Valongo.
O político de 43 anos foi coordenador dos deputados do PS na Comissão Parlamentar da Habitação e, posteriormente, da Comissão do Ambiente e Energia, tendo sido um dos autores da Lei de Bases do Clima.
De acordo com a sua própria declaração no site da Assembleia da República, no mês da realização deste negócio o novo secretário de estado foi relator de um parecer na Assembleia da República sobre resíduos urbanos, precisamente no âmbito da Comissão Parlamentar do Ambiente.
Recorde-se que o aterro sanitário de Valongo foi durante anos contestado pela população e pelo próprio presidente da Câmara devido ao mau cheiro que afetava várias regiões.
Em reação aos factos noticiados, o Ministério do Ambiente esclareceu, esta sexta-feira, que quando o secretário de Estado do Ambiente, Hugo Pires, vendeu a empresa CRIAT "não previa ser convidado" para o Governo, sublinhando que "não tem atualmente qualquer participação social em alguma empresa" e que também "não tem qualquer inibição ou impedimento, de qualquer tipo, no exercício das funções que lhe foram confiadas".