Covid-19: Taxistas cabo-verdianos apreensivos mas entendem proibição de voos

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Porto Canal com Lusa

Praia, 18 mar 2020 (Lusa) -- Os taxistas que operam a partir do aeroporto da Praia, em Cabo Verde, estão apreensivos com o negócio nos próximos tempos, mas entendem a medida governamental de proibir voos internacionais para proteger o país do novo coronavírus.

Na cidade da Praia existem cerca de mil taxistas e meia centena opera diariamente a partir do Aeroporto Internacional Nelson Mandela, segundo o presidente da associação da classe, Adriano Monteiro, de 42 anos e com 20 na profissão. 

Um trabalho "um bocadinho duro" em dias normais, que vai complicar-se ainda mais com a medida do Governo de proibir a partir de quinta-feira as ligações aéreas oriundas de 26 países, incluindo Portugal e Brasil, decisão que será válida pelo menos até 09 de abril. 

"A medida vai ter um grande impacto no serviço de táxi. Vai-nos complicar um bocado. Já temos alguns problemas e com esta medida torna-se ainda pior", prevê o líder associativo, admitindo, por outro lado, que se trata de uma "medida necessária" por estar em causa a saúde pública.

Adriano Monteiro vinca que "em primeiro lugar está a vida e depois os bens materiais", acrescentando que os turistas que chegam à capital cabo-verdiana são provenientes de muitos dos países interditados a voos para o arquipélago, como Portugal, França, Bélgica e Alemanha. 

Quem também vai ver o negócio cair por falta de clientes turistas é Gracindo Lopes Monteiro, mais conhecido por Dondon, 57 anos e taxista desde 1992, e quase sempre na rota aeroporto-- cidade da Praia--aeroporto. 

"A medida foi boa e penso que demoraram a tomá-la. E como o nosso país tem falta de recursos, acho que foi uma boa medida", avalia o motorista, que já espera prejuízos com a diminuição de turistas estrangeiros. 

"Mas é por uma boa causa", entende o taxista, indicando que nos próximos tempos os clientes vão ser apenas nacionais e aí também vai haver uma redução de viagens. 

Há 12 anos como taxista, António Leal, 57 anos, recorda que antigamente havia mais rendimento, mas agora as coisas complicaram-se, não só porque existem mais táxis legalizados na capital cabo-verdiana, mas também pela proliferação de viaturas clandestinas. 

"Ficamos aqui de manhã até à noite e às vezes damos apenas duas ou três voltas porque somos muitos aqui", frisa o taxista, que tal como os colegas tem como objetivo diário conseguir cerca de quatro mil escudos (36 euros). 

Por sorte, diz, esse valor pode ser ultrapassado com um frete aos concelhos do interior da ilha de Santiago, cujo preço é mais elevado. 

Sobre as medidas tomadas pelo Governo, António Leal é de opinião que é uma forma de proteger o país da entrada do novo coronavírus. 

"Se o vírus entrar aqui é mais complicado porque o nosso país é mais pobre e não tem condições para suportar a doença", salienta o taxista, que já pensa em outras formas de obter algum rendimento diário. 

"Se a doença entrar no país será pior. Por isso, é melhor as medidas tomadas pelo Governo, vamos sofrer um bocado, mas pelo menos não teremos problemas por causa da doença", considera. 

Perante as previsões de perda de negócios, o presidente da Associação dos Taxistas da Praia pede medidas para ajudar estes profissionais, como a suspensão de pagamento das licenças, redução de impostos ou redução do preço dos combustíveis. 

Os taxistas que operam no Aeroporto da Praia aproveitam para reclamar das condições de trabalho no parque de estacionamento, onde esperam pelos passageiros ao sol e à chuva. 

"É algo que precisa ser visto, pelo menos um espaço adequado para descanso durante o tempo de espera", pede Adriano Monteiro, que reclama também da concorrência desleal dos táxis clandestinos na capital cabo-verdiana. 

A lista de países com voos interditados para Cabo Verde integra, da Europa, Alemanha, Áustria, Bélgica, Dinamarca, Eslováquia, Espanha, Finlândia, França, Hungria, Irlanda, Islândia, Luxemburgo, Noruega, Países Baixos, Polónia, Portugal, Reino Unido, República Checa, Roménia, Suécia e Suíça. 

De África estão incluídos Marrocos, Senegal e Nigéria, e da América o Brasil e os Estados Unidos, segundo a resolução do Conselho de Ministros, que indica que todas as medidas podem ser prorrogadas em função da evolução da pandemia de Covid-19. 

O Governo proibiu ainda a atracação ou acostagem de navios de cruzeiro, recreio e veleiros, "com proveniência do estrangeiro, salvo situações excecionais, devidamente fundamentadas", mas sempre "supervisionadas pelas autoridades de saúde". 

Por outro lado, as evacuações médicas urgentes e abastecimento de medicamentos, materiais e consumíveis hospitalares em regime de urgência serão acauteladas e asseguradas em regime de voos sanitários. 

Até ao momento, todas as análises aos vários casos suspeitos do novo coronavírus em Cabo Verde deram resultado negativo.

O novo coronavírus, responsável pela pandemia da Covid-19, infetou mais de 200 mil pessoas em todo o mundo, das quais mais de 8.200 morreram.

Das pessoas infetadas, mais de 82.500 recuperaram da doença.

O surto começou na China, em dezembro, e espalhou-se já por 170 países e territórios, o que levou a Organização Mundial da Saúde a declarar uma situação de pandemia.

 

RIPE // LFS

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