Schaerbeek quer mostrar que vitória do terror é notícia manifestamente exagerada

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Porto Canal com Lusa

A comuna belga de Schaerbeek e toda a cidade de Bruxelas tentam respirar tranquilidade, um dia depois dos atentados que ameaçaram o quotidiano de quem, agora, vive entre o terror e o desejo de normalidade.

"Isto não tem nada a ver com Londres. Quando há coisas destas, é sempre em zonas sujas. Não sei, é estranho isto". As palavras são de Neil, cidadão inglês, que fala com a agência Lusa junto a um prédio em Schaerbeek, comuna de Bruxelas, onde na segunda-feira foram descobertos engenhos explosivos, produtos químicos e uma bandeira do grupo extremista Estado Islâmico.

A rua está limpa, o dia cinzento, há pouco comércio e serviços em redor, até porque a zona é mais habitacional que operária ou turística.

Com efeito, junto ao prédio em questão, reinava pelas 8:30 locais (menos uma hora em Portugal Continental), uma absoluta tranquilidade: alguns jornalistas estavam no local, autocarros e elétricos passam por perto, moradores vão para o trabalho, os cafés vão começando a abrir.

Schaerbeek é uma comuna que dista a cerca de quatro quilómetros das instituições europeias. Hoje, manhã cedo, há bandeiras da Bélgica penduradas em algumas janelas, tornando inevitáveis as memórias dos atentados terroristas de terça-feira, mas há também crianças a ir para a escola numa tentativa de regresso à normalidade.

Esse é o caso de uma cidadã da Bulgária que se apresta para abrir um café a cerca de 500 metros da casa onde na terça-feira houve buscas: "Vim tranquilamente. Cheguei agora. Vou abrir agora o café. Vai tomar café?" - questiona.

O painel do espaço tem a publicidade de uma conhecida marca de cafés de Portugal, mas cidadãos portugueses não se vislumbravam por perto.

Foi num quinto andar, último do prédio, que houve buscas na terça-feira. Dirk, 43 anos, dono de uma pastelaria a menos de 100 metros do local. "Ontem [terça-feira] tive de fechar, mas hoje já cá estamos. Sou o patrão de mim mesmo, não dá para fechar", conta, entre risos.

Depois, partilha com a Lusa a história do local. Vem de "há três gerações", há fotografias da família bruxelense nas paredes. Galardões também, alguns. E os atentados? "Estava visto que ia acontecer algo em breve, viu-se logo na sexta-feira", diz, perentoriamente, referindo-se à detenção de Salah Abdeslam, um dos responsáveis pelos ataques de novembro em Paris.

A sua pastelaria é filmada e está agora nas notícias. "Há sempre algo a acontecer em Bruxelas, mas eu já estive várias vezes nas notícias. Esta pastelaria está aqui desde 1951", prossegue, antes de confidenciar que houve trabalhos da polícia noite dentro, mas esta manhã, "até ver, só jornalistas e alguns curiosos".

A vida no bairro demonstra que, apesar do impacto e choque, os moradores não prescindiram de um quotidiano normal. Há algum reforço policial, mas mesmo isso não é particular novidade - desde novembro, pelo menos, que com maior ou menor intensidade, assim o é.

"Vou apanhar o elétrico, entro às 09:00", diz uma belga que interrompe a música que estava a ouvir nos auscultadores para trocar algumas impressões sobre a atualidade.

"É chocante, mas a vida tem de seguir", diz. E receio de usar transportes públicos? "Dá que pensar, mas vamos em frente. É dia de trabalho".

Mais de 30 pessoas morreram e 200 ficaram feridas em Bruxelas nos atentados já reivindicados pelo grupo extremista Estado Islâmico.

PPF // PJA

Lusa/Fim

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