Português ferido em Bruxelas não volta "tão depressa" a andar de metro
Porto Canal (MYF)
André Pinto, natural de Santa Marta de Penaguião, foi um dos 21 portugueses atingidos, esta terça-feira, nos atentados de Bruxelas, ao viajar no metro que explodiu na estação de Maelbeek. O português confessa não ser “capaz atualmente de entrar” nesse meio de transporte.
À saída de um hospital local, onde teve alta, na tarde desta quarta-feira, André Pinto testemunhou alguns momentos vividos na área metropolitana de Maelbeek. O português teve de aceder ao metro para substituir um colega de trabalho e durante a viagem subterrânea, foi atingido pelo tejadilho de uma carruagem no pé e na perna direitos, enquanto a detonação afetou-lhe o ouvido direito. André testemunha que o “impacto é inexplicável”, mas mostra-se otimista com a sua recuperação: o tímpano está intacto e registou, esta quarta-feira, a recuperação em 10% da audição.
"Quando chegámos à estação de Maelbeek, o motorista abriu as portas normalmente. As pessoas desceram do metro, outras subiram e quando se fecharam as portas e se preparava para arrancar, ouvi a explosão”, explica, acrescentando que, nesse preciso momento, havia “pessoas no chão, a chorarem, mães a pedirem pelos filhos, pessoas em sangue e pessoas já queimadas, por causa da bola de fogo” e minutos depois “chegaram os primeiros bombeiros e policias”, com as pessoas em estado mais grave a ser imediatamente deitadas no chão e a receberem os primeiros socorros, relata o jovem à agência Lusa.
A viver na Bélgica desde bebé, André Pinto é motorista de autocarro desde agosto do ano passado, mas admite já ter pedido aos chefes para lhe arranjarem serviços, em que não precise de recorrer ao metro, porque as memórias e as marcas no corpo estão demasiado vivas na sua memória.
"Já falei com os meus chefes mais altos (...) e já disse que se me pudessem arranjar serviços onde não utilize o metro que agradecia. Não me sentiria capaz atualmente de entrar no metro”, confessa à Lusa.
Os atentados de Bruxelas, desta terça-feira, causaram pelo menos 31 mortos e mais de 200 feridos, 21 dos quais portugueses. O país continua com o alerta máximo de terrorismo.