Bruxelas, 07 set (Lusa) -- Milhares de refugiados sírios tentarão entrar na Europa se a comunidade internacional não solucionar o conflito na Síria e abandonar a população às mãos do grupo extremista Estado islâmico, alertou hoje o enviado especial da ONU para a Síria.

"Porque partem as pessoas? Porque perderam toda a esperança após cinco anos de conflito e só veem um vencedor, o Daesh (acrónimo árabe do Estado Islâmico)", lamentou Staffan de Mistura, numa conferência de imprensa em Bruxelas.

O grupo extremista EI realizou nos últimos tempos conquistas territoriais que "deveriam ter acordado todo o mundo", sustentou De Mistura.

"Eles estão a apenas alguns quilómetros de Damasco. O Irão, a Arábia Saudita, a Turquia, a Rússia... O Daesh devia preocupá-los a todos", frisou.

"Está na altura de se encontrar uma solução, senão não sobrarão mais sírios", advertiu.

Segundo o enviado especial das Nações Unidas, cerca de um milhão de sírios está potencialmente em perigo, enquanto a guerra civil -- que fez 250.000 mortos desde março de 2011 -- já deslocou 11 milhões de pessoas, quatro milhões das quais fugiram do país.

Staffan de Mistura lamentou a procrastinação da comunidade internacional e o fracasso das diversas negociações, que encalham nomeadamente na questão da inclusão ou não de Assad numa transição política.

"Já não há mais tempo para processos políticos tão demorados", sustentou.

Os esforços dos Estados Unidos, adversários declarados de Assad, bem como da Rússia, sua aliada que lhe está a fornecer ajuda militar, falharam todos, salientou o enviado da ONU.

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