Redução dos apoios à internacionalização ameaça exportações da indústria do calçado
Porto Canal (LYA)
A redução dos fundos comunitários pode comprometer o ritmop de crescimento e aumentar para o dobro o esforço financeiro das PME's, com a promoção externa, e afastar as "grandes empresas" dos apoios. A indústria do calçado exporta mais 60% desde que se iniciou, em 2006, o programa Compete.
O vice-primeiro-ministro Paulo Portas "gostava que este ano as exportações de calçado chegassem aos dois mil milhões de euros. No entanto, as mudanças previstas nos apoios à internacionalização colocam em causa o crescimento a que se tem assistido nos últimos sete anos. Nesse período de tempo, a indústria do calçado aumentou 60% as suas exportações.
1800 empresas do sector são PME's. Mas as exigências de mão-de-obra obrigam muitas delas a ultrapassar os 250 trabalhadores, critério que serve de distinção entre as pequenas e médias e as grandes empresas. As que ultrapassarem esse número vão deixar de beneficiar dos apoios à internacionalização, comprometendo os investimentos em novos mercados. Mesmo as pequenas empresas vêm reduzido o valor do apoio. Se até agora recebiam 75% dos seus investimentos, recebem agora 50%.
O sector do calçado vende 95% da sua produção ao estrangeiro, mas as mudanças ao Programa 2020, que define o destino dos fundos europeus, podem dificultar essa percentagem, uma vez que as PME's terão de duplicar o seu esforço financeiro com a promoção externa e afastam as "grandes empresas" dos apoios.
Se as razões para o sucesso se encontram no dinamismo das empresas, a Apiccaps, a associação dos industriais do sector, considera que o apoio financeiro do programa Compete foi fundamental para os resultados conseguidos. Desde o seu arranque, em 2006, o Compete investiu 55 milhões de euros na internacionalização da indústria do calçado, o que contribuiu para o crescimento das exportações em 700 milhões de euros. A Apiccaps estima que o investimento correspondeu a 8 cêntimos por cada par de calçado exportado.