Conflito com a Câmara do Porto ensombra início de operações da UNIR
Catarina Cunha
A Câmara do Porto está preocupada com o que considera ser a “total descoordenação” da gestão operacional da UNIR, a nova marca sob a qual vão operar as transportadoras da Área Metropolitana do Porto. Fonte da autarquia revelou ao Porto Canal um plano de fiscalização às empresas e “tolerância zero” no arranque das operações, agendado para 1 de dezembro.
No centro da polémica está o mapa da rede da nova entidade, gerida pela Área Metropolitana, apresentado a 17 de novembro, que fixa locais de paragem e transbordo de passageiros na cidade do Porto em locais considerados não autorizados pela Câmara.
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A nova rede de autocarros UNIR vai operar a partir de 1 de dezembro em todos os Municípios da Área Metropolitana exceto no Porto, uma vez que os STCP detêm a exclusividade da operação no interior da cidade. Na cidade do Porto, os autocarros UNIR poderão circular mas só terão permissão para operar nos terminais ou interfaces definidos pelo município: Terminal de Campanhã, Polo Intermodal da Asprela - Hospital de São João, Terminal Parque das Camélias e Terminal do Bom Sucesso/Casa da Música.
Porém, no mapa das novas linhas de autocarro, disponível no sítio oficial da UNIR, lançado na passada sexta-feira, são apresentadas zonas de transbordo de passageiros fora dos terminais, como é o caso da rua Duque de Loulé, nas imediações do Parque das Camélias.
Mas este não é caso único. A UNIR deu a conhecer também “uma zona de transbordo” na rua Alexandre Braga, junto ao Mercado do Bolhão, numa via que em tempos foi de paragens de autocarros mas que é pedonal desde janeiro deste ano.
A instalação destes terminais de linhas da UNIR na via pública não foi autorizada pela Câmara do Porto e colide, no entender da autarquia, com o Regulamento de Terminais ou Interfaces de Transporte Público e com a exclusividade inerente à operação dos STCP, empresa municipalizada em 2021.
Surpreendida com o anúncio do mapa da rede da UNIR, a autarquia portuense lembra que há muitos anos que existe um regulamento que proíbe as operadoras de transporte de “pararem na cidade” para efetuar o transbordo de passageiros. “A cidade não vai voltar para trás e permitir que essas viaturas parem em qualquer lado não autorizado, criando, mais uma vez, congestionamento. Isso seria um recuo de 10 anos”, explica fonte da presidência.
A Câmara do Porto insta, por isso, a UNIR a “cumprir com aquilo que está protocolado”, pois “qualquer tentativa de adulterar este processo falha não só para com o Município, mas também perante um conjunto de outras entidades”. A autarquia ressalva ainda que não vai “tolerar abusos na recolha e no transbordo de passageiros em zonas não autorizadas” e denuncia que todo o processo está a ser gerido “de forma atabalhoada e pouco profissional".
Auto-Viação Feirense anuncia terminal na rua
Um dos operadores da nova marca UNIR, a Auto-Viação Feirense, afixou nos últimos dias um aviso no Terminal Parque das Camélias a informar os passageiros de que a partir do dia 1 de dezembro, data de entrada em vigor da UNIR, o término das linhas no Porto passará a acontecer na rua Alexandre Herculano, fora do terminal.
A autarquia portuense contesta um comportamento que considera “completamente proibido” e acrescenta que, em colaboração com a STCP Serviços, foram criados “locais específicos para a afixação dos horários da UNIR. No entanto, atualmente, esses espaços encontram-se completamente vazios, aguardando a chegada das informações”.
No Parque das Camélias, a Câmara já retirou os editais da Auto-Viação Feirense e a AMP foi notificada.
Fiscalização “ativa” e “tolerância zero”
Com a aproximação do dia de início das operações da UNIR, agendado para 1 de dezembro, a Câmara do Porto já mobilizou tanto a Polícia Municipal, como a Polícia de Segurança Pública, para que ambas fiscalizem de forma “ativa” os operadores de transporte sob a marca UNIR, para as quais promete “tolerância zero” face ao incumprimento das normas municipais.
O Porto Canal entrou em contacto com a Área Metropolitana do Porto, que não quis prestar qualquer esclarecimento adicional.