Arqueologia, pandemia e guerra na Ucrânia. A resposta da Metro do Porto às críticas de Rui Moreira pelo atraso nas obras

| Porto
Fábio Lopes

A Metro do Porto já respondeu por carta à missiva do presidente da Câmara, Rui Moreira, como noticiou o Porto Canal a 30 de novembro. Moreira havia avisado, a 10 de novembro, que por risco de "disrupção" da cidade, poderia impedir o avanço de novas frentes de obra, enquanto a empreitada da Linha Rosa não estivesse concluída. Agora, num extenso documento, a empresa elenca um conjunto de elementos que terão causado os atrasos, bem como “as medidas mitigadoras dos impactos”. Na resposta, Tiago Braga, presidente do Conselho de Administração da Metro do Porto mostra-se ainda "disponível para reunir pessoalmente" com o autarca portuense.

Foi em tom de aviso e preocupação que Rui Moreira visou a Metro do Porto, em meados de novembro, devido aos atrasos na empreitada. Rui Moreira criticou o atraso nas obras da linha que ligará a Casa da Música à Praça da Liberdade, bem como os impactos da empreitada no trânsito da cidade.

A complexa e delicada arqueologia

Agora, a empresa justifica-se com a complexa geografia e história da Invicta.
“O caminho de construção de uma Linha totalmente subterrânea, com cerca de três quilómetros de extensão, no centro da cidade do Porto, é um caminho delicado e complexo, como delicada e complexa é a malha urbana, histórica e monumental onde a obra se insere”, lê-se na carta.

São apontadas ainda outras razões como “as alterações ao projeto feitas em articulação com a Câmara, a necessidade de alargar no espaço e prolongar no tempo os trabalhos de sondagens arqueológicas, as grandes dificuldades sentidas na disponibilização e mobilização de áreas de domínio público”, que condicionaram “o ritmo e intensidade da obra nos primeiros 6 meses”.

A estes fatores, a empresa junta ainda os efeitos decorrentes da pandemia de covid-19 e as “nefastas” consequências da guerra na Ucrânia.

Metro do Porto nega quebra de diálogo

Além dos atrasos, também a quebra de diálogo entre as partes esteve na base da chamada de atenção do presidente da CMP.

Como apontado por Rui Moreira, estavam previstas reuniões quinzenais entre a autarquia e a Metro do Porto “a fim de partilhar o ponto de situação da empreitada”. A empresa refuta as acusações, defendendo que os encontros têm acontecido com a periodicidade prevista, entre técnicos e administradores da Metro do Porto e da Câmara, contando por vezes com a participação de membros da vereação.

“Estas reuniões não se encontram suspensas ou canceladas, tendo a última delas tido lugar no dia 18 de novembro”, reforça o organismo liderado por Tiago Braga, sublinhando que têm lugar também “desde outubro de 2021 reuniões técnicas nas instalações de Bombeiros Sapadores do Porto, entre a equipa do Metro, do Consórcio e da Fiscalização da Empreitada”.

O Presidente do Conselho de Administração da Metro do Porto aproveita a ocasião para se mostrar disponível para reunir pessoalmente com Rui Moreira.

“Para além das reuniões de coordenação e das reuniões técnicas regulares atrás mencionadas, eu próprio estou disponível para reunir pessoalmente consigo, com a periodicidade que se entenda adequada, e informar o andamento dos trabalhos, ouvir as suas preocupações e discutir as eventuais medidas que possam contribuir para continuar a melhorar a qualidade desta empreitada”, refere o documento.

Empresa aponta o dedo a atrasos da autarquia

Ainda assim, a empresa reconhece “que, pontualmente, a sua atuação possa ter sido deficiente na identificação e decoração das frentes de obra”, apesar de especificar “Condicionantes Endógenas e Exógenas ao Normal Desenvolvimento do Plano de Trabalhos”.

Entre as justificações apresentadas encontram-se “dificuldades na obtenção das aprovações para ocupação dos espaços públicos” e “demoras na obtenção de autorizações para a realização dos desvios de trânsito necessários à obra”, algo que é da responsabilidade da autarquia.

Perante as inúmeras dificuldades sentidas, a Metro do Porto sentiu a necessidade de rever aquele plano de trabalhos, de modo a adaptá-lo à realidade da obra, tendo sido aprovado um Plano de Trabalhos Modificado (PTM), que começou a ser discutido em dezembro 2021 e foi aprovado em 20/05/2022.

A carta reitera ainda o compromisso da empresa em deixar a obra terminada a 31 de dezembro de 2024, tal como Tiago Braga já tinha apontado em entrevista ao Porto Canal.
“Foi esse o compromisso que deixei ao autarca no sentido de deixar à cidade e aos cidadãos, que é um compromisso que publicamente temos vindo sempre a reiterar e a assumir”, sublinhou.

 

 

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