Do São João a CEO do SNS. A prova de fogo para Fernando Araújo

Do São João a CEO do SNS. A prova de fogo para Fernando Araújo
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Porto Canal

Homem forte da saúde a Norte, foi anunciado como novo líder do SNS. O Porto Canal recorda as principais ideias e críticas do médico-gestor de 56 anos que vai tentar aplicar a “fórmula do Porto”.

Do Hospital São João ao SNS era uma viagem que se esperava para Fernando Araújo. O novo diretor-executivo já tinha sido secretário de Estado Adjunto da Saúde (2015-2018) e presidente da ARS Norte (2005-2011).

Um homem do Porto, foi aí que fez o caminho académico e profissional, sendo Licenciado em Medicina pela Faculdade de Medicina da Universidade do Porto, pós-graduado em Gestão pela Universidade Católica do Porto e doutorado pela Faculdade de Medicina da Universidade do Porto.

Em declarações à CNN Portugal, o irmão, António Araújo e colegas do Hospital São João traçaram um perfil mais pessoal de Araújo: “tem uma vertente humana muito importante” e “deixa-se tocar pelas cartas enviadas pelos utentes e telefona pessoalmente para resolver o problema das pessoas”, contam.

Porto Canal

"Fórmula do Porto"

Enquanto presidente do conselho de Administração do Centro Hospitalar Universitário São João (nomeado em 2019) viu nascer o conceito da “fórmula do Porto”, com o modelo de gestão da saúde na cidade a servir de exemplo para uma reforma no SNS.

Um estudo da Coimbra Business School, consultado pelo Porto Canal, concluiu que os hospitais do Grande Porto são os que apresentam maior capacidade de prestação de serviços e os que tiram melhor partido dos recursos disponíveis. Já em 2018, o Tribunal de Contas tinha arrasado o Hospital de Santa Maria ao chegar à conclusão que este era o hospital com mais tempos de espera, custos maiores por doente e com a dívida mais descontrolada. A auditoria chegou ainda à conclusão que o Hospital de São João fazia mais com menos ajudas do Estado.

Ideias e críticas em relação ao SNS

Agora, foi escolhido para ser o CEO de uma organização à qual não é alheio, tendo tido uma voz crítica quando necessário. Fernando Araújo escreveu 20 artigos de opinião no Jornal de Notícias desde maio deste ano. No JN, Araújo deu pistas sobre o futuro do SNS e como prefere gerir a saúde em Portugal.

"Reduzir o trabalho no SU [Serviço de Urgência] é um objetivo relevante. Não apenas em função do desgaste dos profissionais, mas porque limita a capacidade de atender os restantes doentes em tempo e qualidade. Um pequeno número de pessoas resulta num largo número de episódios de urgência e internamento, com impacto desproporcionado de custos", defendeu, como uma das principais prioridades onde intervir.

Das urgências às taxas moderadoras, Araújo passou ainda pela inovação tecnológica ou pela saúde oral. Defende que esta não é um luxo, mas uma necessidade básica que foi "esquecida". O novo CEO pretende aperfeiçoar e alargar o Programa Nacional de Promoção de Saúde Oral. Araújo defende a criação de uma carreira de médico-dentista dentro do SNS e um modelo para implementar gabinetes de saúde oral em todos os municípios do país.

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Para enterrar de vez o machado de guerra entre profissionais de saúde e o Governo, é necessário contratar mais profissionais para o SNS. Araújo fala de uma missão em reduzir "15 milhões de horas extraordinárias, mais de 500 milhões de euros em horas extraordinárias e prestações de serviço".

Quanto aos privados, estes não são um bicho de sete cabeças. O diretor do São João defende “os mais competentes”: “Na saúde, mais do que voluntarismo, precisamos de profissionalismo”. O médico do Porto quer ver mais protocolos e acordos entre públicos, privados e sociais. Não interessa quem faz, desde que seja feito. “O essencial são as pessoas”, afirma.

Conhecidas as ideias e críticas de Fernando Araújo relativamente ao SNS, o novo diretor-executivo terá pela frente a prova de fogo de comandar o serviço que vem atravessando períodos complicados e exigentes. Para muitos trará a tal “fórmula do Porto”, para outros haverá maior ceticismo quanto às reformas no SNS, apesar da ação do novo líder: “Infelizmente, não acredito que vá ser o Dom Sebastião”, diz o próprio irmão.

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