FMI diz que reformas ainda não produziram efeitos desejados e comprometem crescimento

FMI diz que reformas ainda não produziram efeitos desejados e comprometem crescimento
| Política
Porto Canal

O FMI afirma que as reformas estruturais implementadas pelo Governo ainda não produziram os efeitos desejados e avisa que, com este progresso limitado, a economia portuguesa não deverá crescer mais do que 1,25% no médio prazo.

Numa análise a Portugal no âmbito do artigo IV divulgada hoje, o Fundo Monetário Internacional (FMI) critica que "muitas das reformas estruturais iniciadas desde 2011 ainda precisam de ser totalmente implementadas", uma vez que "ainda não produziram totalmente os resultados desejados".

Perante este "progresso limitado" das reformas estruturais, a instituição liderada por Christine Lagarde estima que o crescimento da economia portuguesa não ultrapasse os 1,25% no médio prazo, ficando 0,25 pontos percentuais abaixo do que é esperado para a zona euro.

Durante o Programa de Ajustamento Económico e Financeiro (PAEF), o FMI previa que a implementação total das reformas estruturais resultasse num crescimento de 1,75% no médio prazo.

O Fundo afirma que Portugal "continua atrás dos seus pares e dos seus concorrentes comerciais" no que diz respeito a indicadores estruturais, que a recuperação está a ser impulsionada sobretudo pelo consumo, o que "enfraquece as perspetivas de crescimento no médio prazo".

Além disso, a entidade aponta que o endividamento excessivo e a incerteza de políticas têm funcionado como "um travão" ao investimento.

A instituição sedeada em Washington aponta que entre os objetivos previstos com as reformas estruturais estavam um equilíbrio das contas externas e das contas públicas, bem como uma redução do desemprego e do endividamento das famílias e das empresas, o que ainda não foi alcançado.

"Para absorver o elevado nível de desemprego, a economia precisa de aumentar o investimento, ao mesmo tempo que precisa de reforçar a competitividade para evitar a criação de um desequilíbrio externo", escreve o FMI.

Por outro lado, a instituição afirma que "Portugal está a beneficiar de ventos cíclicos favoráveis", mas alerta que se trata essencialmente de fatores externos, como a queda do preço do petróleo, o enfraquecimento do euro e o programa de compra de ativos iniciado pelo Banco Central Europeu (BCE), que "reduziu as taxas de juro soberanas para recordes mínimos e eliminou preocupações de financiamento".

Nesse sentido, o FMI defende que o Governo deve aproveitar este momento para "fortalecer a resiliência económica e aumentar o seu crescimento potencial", considerando que "as reformas estruturais nunca são fáceis, mas que o ambiente atual é o mais favorável para avançar".

O Fundo admite que a "inércia natural e que os interesses instalados vão continuar a tentar neutralizar as mudanças ao 'status quo'", mas que a recuperação pós-crise "é um bom momento para forçar uma mudança", uma vez que, juntamente com custos de financiamento baixos, "pode mitigar os custos de uma transição".

O FMI reconhece os esforços feitos nos últimos anos pelo Governo e que as reformas tomadas durante o PAEF "demoram a produzir frutos", mas que sublinha que "ainda há muito a fazer".

A instituição confirma neste relatório as últimas previsões para a economia portuguesa, conhecidas em meados de abril, estimando que cresça 1,6% este ano, mas o abrande o ritmo de crescimento progressivamente, chegando aos 1,2% em 2020.

O denominado Artigo IV do FMI prevê que sejam feitas análises às economias dos membros do Fundo, geralmente todos os anos. A missão da equipa técnica do FMI esteve em Lisboa em março.

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