BES: Lesados concentrados no Rossio dizem que "reembolso é única coisa justa"

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Porto Canal / Agências

Lisboa, 16 abr (Lusa) - Dezenas de lesados do Banco Espírito Santo (BES) que investiram em papel comercial do Grupo Espírito Santo (GES) estão concentrados no Rossio, Lisboa, afirmando que o reembolso do dinheiro investido "é a única coisa justa" que pode ser feita.

Gritando palavras de ordem contra o governador do Banco de Portugal e os responsáveis do Novo Banco e munidos de apitos, badalos e buzinas, os manifestantes consideram que o reembolso do papel comercial por parte do Novo Banco aos clientes lesados do BES é uma questão de justiça.

"Não há outra alternativa, é claro como a água. Todos estes produtos foram vendidos com base em contas falsificadas, vendidos a pessoas sem qualquer perfil para produtos de risco", disse à Lusa Rui Falcão, 40 anos, um dos lesados, que não quis avançar o montante que investiu no banco.

O lesado do BES falava à Lusa após ter sido questionado sobre o parecer jurídico que a Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) enviou na quarta-feira à comissão parlamentar de inquérito ao caso BES/GES, no qual defende o reembolso pelo Novo Banco.

"Claramente se chegou à conclusão de que isto foi uma aldrabice e que tem de se fazer o reembolso o mais rapidamente possível e que esta é a única coisa justa a fazer", reforçou.

A perda das poupanças de uma vida é transversal a vários lesados presentes hoje na manifestação, concentrada no início da Rua Augusta, junto ao Rossio.

É o caso de um casal, acima dos 70 anos, que veio da Ericeira para protestar, preferindo não divulgar o nome.

"O Banco de Portugal e o Novo Banco não devolvem as poupanças dos depositantes, depois de terem assumido esse compromisso", disse o casal, que investiu cerca de 100 mil euros, representativos de poupanças acumuladas ao longo de 40 anos de trabalho.

História diferente conta um homem, de 48 anos, atualmente desempregado, e que também pediu o anonimato.

"Tinha recebido uma indemnização do sítio onde trabalhava e feito uma aplicação que vencia ao dia. Perguntei ao gestor de conta se a aplicação tinha algum risco e ele respondeu que era ínfimo, mas existia. Então, mandei retirar imediatamente o dinheiro da aplicação e que se fizesse outra aplicação sem qualquer risco. Ele vendeu-me papel comercial ESI [Espírito Santo International]", contou.

E assim, disse, perdeu 100 mil euros.

A manifestação é organizada pela Associação dos Indignados e Enganados do Papel Comercial (AIEPC) que está a promover hoje três prptestos em simultâneo no país: Porto (Av. dos Aliados), Caldas da Rainha (Praça 25 de Abril em frente à Câmara Municipal) e Lisboa (Zona sul do Rossio).

JMG // MSF

Lusa/fim

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