Lisboa, 16 dez (Lusa) - O primeiro-ministro, António Costa, prometeu hoje uma "reflexão séria" a promover pelo Governo junto da Assembleia da República sobre o "desenho institucional" do Banco de Portugal e instituições financeiras de modo a preservar o bom funcionamento desse mesmo sistema.

Num "cenário de calma" a retomar após as turbulências atuais em torno do Banif, Costa assinala que o momento será positivo para se revisitar a "arquitetura institucional" que corresponda "às necessidades de resposta pronta e satisfatória" de defesa do sistema financeiro.

O governante intervinha no debate quinzenal no parlamento a uma pergunta da bloquista Catarina Martins, que comentava a ação do banco central e do governador Carlos Costa, descrito pela deputada como "Mr. Magoo", numa referência à personagem de animação de limitada capacidade visual.

"Se há hoje uma distinção muito clara entre a forma como Portugal tem saído do processo de ajustamento e outros países saíram do processo de ajustamento provavelmente, para além de outros fatores, um dos fatores certamente é a forma como em Portugal e noutros países se enfrentou atempadamente as questões relativas ao sistema financeiro", assinalou Costa, de todo o modo.

Mesmo assim, o primeiro-ministro declarou ser "manifesto" que a "opção que foi feita sobre a governação do sistema de resolução em Portugal revela claramente insuficiências".

E prosseguiu, sobre essas insuficiências: "Primeiro, porque coloca o BdP muitas vezes numa posição de dupla função que de todo em todo não devia ter. Segundo, porque é difícil que com aquelas funções o BdP possa ter a independência que necessita de ter para cumprir a sua missão principal. E em terceiro lugar, porque é também duvidoso que o BdP esteja devidamente apetrechado com a capacidade e 'know how' necessário para proceder à gestão e intervenção na banca comercial".

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