Banif: Moody's pondera cortar 'rating' do banco

| Economia
Porto Canal com Lusa

Lisboa, 18 dez (Lusa) -- A agência de notação financeira Moody's colocou hoje o 'rating' do Banif sob revisão e admitiu um possível corte, referindo que a fragilidade dos indicadores financeiros e os recentes desenvolvimentos ameaçam a viabilidade da instituição.

Numa nota de análise hoje divulgada, a empresa argumenta a decisão de poder rever em baixa o 'rating' do Banif com os "desenvolvimentos recentes do mercado e do impacto que estes podem ter sobre os fundamentos financeiros já frágeis do Banif", assim como pela possibilidade de este requerer "ajuda externa", seja por via de investidores privados ou de fundos públicos.

A Moody's refere-se às notícias que surgiram sobre o Banif, considerando que pode ter impacto na relação dos clientes e investidores com o banco "com consequências prejudiciais para a posição de liquidez do banco", mas também afirma que tomou nota das recentes declarações do Banco de Portugal sobre a salvaguarda dos depósitos e da estabilidade do sistema financeiro.

No entanto, diz, "os recentes eventos combinados com fundamentos financeiros fracos continuam a levantar dúvidas sobre a viabilidade futura do Banif".

Quando concluir o processo de revisão do 'rating', que poderá confirmar ou não o eventual corte, a agência de notação financeira refere que irá avaliar tanto a evolução dos indicadores financeiros do banco como as medidas tomadas para resolver os atuais problemas.

Os 'rating' que poderão ser afetados por esta decisão são vários e referem-se nomeadamente aos atribuídos aos depósitos e à dívida subordinada, que já estão fora do nível considerado de investimento ('lixo').

O caso do Banif poderá conhecer desenvolvimentos hoje, uma vez que termina pelas 20:00 (hora de Lisboa) o prazo dado pelo Governo para a apresentação de propostas vinculativas sobre ofertas de compra do banco.

Depois de a semana passada a instituição liderada por Jorge Tomé ter confirmado que estava envolvida "num processo formal e estruturado tendente à seleção de um investidor estratégico", a imprensa tem adiantado que os bancos espanhóis Santander e Popular e o fundo norte-americano Apollo estão interessados em comprar uma participação no banco.

As ações do Banif estão sem negociar desde quinta-feira, por decisão da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), que disse estar a aguardar a "prestação de informação relevante" sobre o processo de venda. Quando foram suspensos, os títulos estavam a valorizar 43% para 0,002 euros (0,2 cêntimos).

O Estado é o principal acionista do Banif desde final de 2012, quando fez um aumento de capital de 700 milhões de euros no banco, além de ter injetado mais 400 milhões de euros em instrumentos de capital contingente, os chamados 'CoCos', tendo o banco só devolvido até agora 275 milhões de euros.

A Comissão Europeia - cuja Direção-Geral da Concorrência tem aberta já há algum tempo uma investigação às ajudas prestadas pelo Estado ao Banif - afirmou recentemente num documento que tem "as maiores dúvidas" de que o banco consiga devolver o dinheiro público.

O 'contrarrelógio' para encontrar rapidamente uma solução para o Banif está relacionado com a entrada em vigor, a 01 de janeiro de 2016, da nova legislação europeia sobre a liquidação e reestruturação de instituições bancárias, que impõe que obrigacionistas seniores e grandes depositantes (acima de 100 mil euros) paguem parte de uma eventual resolução.

O primeiro-ministro, António Costa, disse hoje em Bruxelas ter "esperança" de que surjam propostas para o Banif que dispensem a necessidade de um Orçamento de Estado retificativo para 2015.

IM// ATR

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