Quando Artur Jorge apelou aos "45 minutos para fazer história"
Porto Canal
A 27 de maio de 1987, os campeões de Malta, da Checoslováquia, da Dinamarca e da União Soviética já tinham ficado para trás, por isso o hiper-favorito Bayern de Munique era o único obstáculo entre o FC Porto e o título de campeão entre os campeões da Europa.
A primeira grande conquista do FC Porto aconteceu há mais de 30 anos, no Prater, em Viena (Áustria), com a vitória por 2-1 face ao Bayern Munique, na final da Taça dos Campeões Europeus. O agora lendário calcanhar do argelino Rabah Madjer, aos 77 minutos, e o golo decisivo do brasileiro Juary, a passe do argelino, aos 79, anularam o tento de Kögl, aos 25, coroando de glória a segunda de 11 finais internacionais dos 'dragões'.
Tudo começou porém em Viena, onde a equipa de Artur Jorge entrou em campo, para um dia que ficaria imortalizado na história do clube, já após um percurso notável, sendo que entrou com uma goleada ao Rabat Ajax (9-0 nas Antas), complementado com nova vitória pela margem mínima em Malta, e superou depois os checos do Viktovice (3-1 nas duas mãos) e os dinamarqueses do Brondby, nos 'quartos' (2-1).
Nas meias-finais, Futre, Gomes, Madjer e companhia defrontaram o Dínamo Kiev, que era, na altura, uma das melhores equipas da União Soviética e da Europa, orientada por Valeriy Lobanovskyi, mas um duplo 2-1 do FC Porto, primeiro em casa e depois em Kiev, colocou os 'dragões' em rota de colisão com o Bayern, que tinha deixado pelo caminho PSV Eindhoven, Áustria Viena, Anderlecht e Real Madrid.
Com Fernando Gomes lesionado e Juary e Casagrande condicionados antes do encontro, os 'azuis e brancos' enfrentavam o 'colosso' bávaro, favorito claro antes do duelo, num Estádio Prater repleto de adeptos alemães nas bancadas.
Aos 25 minutos, um erro defensivo deu a Koegl o primeiro jogo do encontro, confirmando o domínio alemão na etapa inicial, mas a palestra de Artur Jorge ao intervalo inspirou os portistas a uma exibição de gala na segunda parte.
Já com Juary e Frasco em campo, e depois de Futre ter fintado quatro alemães - num 'slalom' digno de Maradona -- e falhado a baliza, foi o avançado brasileiro a assistir Madjer, que percebe, numa fração de segundo, o que tem de fazer: golo de calcanhar, aos 77 minutos, que se tornou num dos mais famosos exemplos da técnica no futebol europeu.
Dois minutos depois, o argelino, regressado ao campo depois de ser assistido, aproveitou o desnorte dos alemães para fintar Pflueger e cruzar, encontrando o pé direito de Juary, que não deu hipóteses ao belga Pfaff e fez o 2-1 final.
No final do encontro, o 'capitão' João Pinto não mais largou a Taça dos Campeões Europeus - troféu que os portistas voltariam a levantar em 2004, já com o nome de Liga dos Campeões - e os 'heróis' de Viena foram recebidos em total euforia na Avenida dos Aliados.