Rua de Gisberta começa a ganhar forma. Câmara do Porto vota decisão na segunda-feira

Rua de Gisberta começa a ganhar forma. Câmara do Porto vota decisão na segunda-feira
| Porto
Ana Francisca Gomes

A Câmara Municipal do Porto vai votar em reunião de executivo, na próxima segunda-feira, a atribuição de novos topónimos a novos arruamentos da cidade. Uma vontade já antiga manifestada por vários portuenses vai, finalmente, ganhar forma: a Rua “Gisberta Salce Júnior” (1960-2006) vai nascer nas Eirinhas.

A proposta, a que o Porto Canal teve acesso, é assinada por Pedro Baganha, vereador com o pelouro do Urbanismo e Espaço Público. A rua com o nome de Gisberta vai nascer entre início da Rua das Eirinhas e vai acabar na Travessa das Eirinhas, na freguesia do Bonfim.

À terceira é de vez?

Foi em fevereiro de 2006 que Gisberta, uma mulher trans brasileira de 45 anos, foi agredida e violada por um grupo de 14 adolescentes durante vários dias, até que foi encontrada sem vida num poço de 15 metros, num edifício abandonado no Porto.

Em 2021, passados 15 anos da sua morte, a Comissão Organizadora da Marcha do Orgulho do Porto (COMOP), em conjunto com a atriz e ativista Sara Barros Leitão, propuseram através de um abaixo-assinado a vida de Gisberta fosse homenageada com o seu nome dado a uma rua.

Esta não foi, contudo, a primeira vez em que o pedido é feito. Já em 2010, o projeto “Viver a Rua” fazia a primeira tentativa de homenagear Gisberta através da atribuição do seu nome a um arruamento – proposta que acabou por ser rejeitada pela Comissão de Toponímia da cidade. E também em março de 2020, Sara Barros Leitão tinha entregue à Câmara do Porto uma carta com o mesmo objetivo, que resultava de um espetáculo sobre a cidade – “Todos os dias me sujo de coisas eternas” – em que se propunha a refletir sobre as ruas do Porto.

 

 
 
 
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Edifício onde Gisberta morreu está a ser demolido

Já arrancaram as obras do edifício onde mataram Gisberta, na Avenida Fernão de Magalhães, junto ao Campo 24 de Agosto. Parte do esqueleto de betão foi já demolida. Para o local, um terreno com 11.800 m2, está previsto um edifício de habitação e serviços com 23 pisos de altura e dois subterrâneos.

Em fevereiro de 2023, o projeto estava a cargo da Lucios Real Estate, que deixou, entretanto, de deter a exploração da obra, confirmou fonte da empresa ao Porto Canal.
A empresa titular do imóvel, PGIP II PORTO – Investimentos Imobiliários, SA, detém um alvará para a “conclusão de obras inacabadas”, que estão a cargo da Avenue Real Estate.

A PGIP II PORTO – Investimentos Imobiliários, SA é a denominação atual da antiga EDISUPA – Sociedade de Construções, SA, que detém a totalidade do terreno. Em 1991, adquiriu 62% da propriedade ao grupo brasileiro Pão de Açúcar, denominada SUPA – Companhia Portuguesa de Supermercados. Os restantes 38% chegaram a ser comprados pela Ernesto Vieira & Filhos em 2000, mas em 2018 estes 38% foram adquiridos pela EDISUPA, garantindo os 100% da propriedade.

De acordo com documentos a que o Porto Canal teve acesso, foi realizada uma hipoteca de 2,1 milhões de euros sobre o terreno em 2021, através do fundo de dívida Frux Capital, com sede no Luxemburgo.

A administração da empresa proprietária do terreno sofreu alterações em junho de 2023. Aniceto Viegas, diretor executivo da Avenue Real Estate, que detém a obra, foi nomeado vogal. Foi também nomeado Juan Ramon Manzanaro como presidente, além de Alia Elgazzar para vogal, ambos quadros da empresa Aermont, uma gestora de ativos.

Em 2019, soube-se que ali iria nascer o Edifício Pacífico, um projeto que chegou a prometer um investimento de 97 milhões de euros e que incluía novos espaços comerciais, serviços, residências e um hotel de 231 quartos. De acordo com as previsões, o projeto estaria concluído no terceiro trimestre de 2022. Segundo o alvará de construção, o prazo previsto para a conclusão da obra é 14 de junho de 2024, porém, os trabalhos ainda se encontram numa fase inicial.

 
 
 
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