Ordem dos Arquitectos confirma nomeação que levanta suspeitas sobre Matos Fernandes e coloca-se ao “dispor das autoridades”
Porto Canal
A Ordem dos Arquitectos confirmou ao Porto Canal, após “consultados os registos internos”, que a nomeação dos dois arquitetos que integraram o júri do concurso público da Ponte sobre o Rio Douro foi efetuada pela Ordem ao Governo.
“A Ordem dos Arquitectos indicou em julho de 2020, ao Ministério do Ambiente e Ação Climática, os arquitetos Alexandre Alves Costa e Inês Lobo para integrarem o Júri do Concurso Público da Ponte sobre o Rio Douro”, responde a Ordem ao Porto Canal.
Alexandre Alves Costa e Inês Lobo foram nomeados pela Ordem dos Arquitectos, mas há suspeições que os nomes dos arquitetos tenha sido uma escolha pessoal de João Pedro Matos Fernandes, à data ministro do Ambiente e Ação Climática.
Os investigadores apontam que “o suspeito e então ministro do Ambiente João Pedro Matos Fernandes impôs, como se tivessem sido escolhas da Ordem dos Arquitectos, os nomes de Alexandre Alves Costa e Inês Lobo no júri”, sem avançarem qual a motivação ou se Matos Fernandes terá retirado alguma vantagem.
Em resposta ao Porto Canal, a Ordem dos Arquitectos aponta que “está ao dispor das autoridades para o absoluto esclarecimento de qualquer assunto”.
À data da nomeação para o júri, julho de 2020, o Bastonário da Ordem dos Arquitectos era José Manuel Pedreirinho.
Em declarações ao jornal Público, os arquitectos mostram surpresa. “Não conheço sequer o ex-ministro, nunca falei com ele na vida. Foi o então bastonário José Manuel Pedreirinho que me contactou para integrar o júri”, diz Inês Lobo citada pelo jornal. Já Alexandre Alves Costa diz: “Nunca me passou pela cabeça que a minha indicação pudesse ter sido uma imposição do ministro. Se o fez, foi nos bastidores”, refere.
A nova ponte sobre o Douro, que será construída para servir a linha rubi do Metro do Porto, chamar-se-á Ponte Dona António Ferreira (Ponte Ferreirinha), em homenagem a Dona Antónia Adelaide Ferreira.
A ponte vai unir a zona do Campo Alegre, no Porto, à da Arrábida, em Vila Nova de Gaia. Além do canal para o metro, contará com ciclovia e espaço para circulação pedonal. O projeto faz parte da nova linha Rubi, que irá ligar Santo Ovídio à Casa da Música.