Metro do Porto. Uma viagem pelos 20 anos do mais ambicioso projeto do século XX no norte de Portugal

Metro do Porto. Uma viagem pelos 20 anos do mais ambicioso projeto do século XX no norte de Portugal
Porto Canal
| Norte
Fábio Lopes e Henrique Ferreira

A Metro do Porto anunciou, esta sexta-feira, um Concurso Público Internacional para a execução de anteprojetos e desenvolvimento dos estudos de impacto ambiental de quatro novas linhas. Em causa estão os traçados Gondomar II (Dragão - Souto), ISMAI - Muro - Trofa (Paradela), Maia II (Roberto Frias - Parque Maia - Aeroporto) e São Mamede (IPO - Estádio do Mar). Uma mão cheia de projetos muito ambicionados, que se juntam a outros já em andamento, e a um já longo processo, cujo arranque oficial aconteceu no dia 7 de dezembro de 2002.

 
 
 
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Entre a abertura formal do primeiro estaleiro de obra, em Campanhã, no ano de 1999, à inauguração da Estação Vila do Conde Fashion Outlet – Modivas (a última a ser criada), em 2017, a rede de metro foi-se estendendo por 67 km’s (dos quais 7,7 km’s em túnel) e 82 estações (14 subterrâneas), espreitando, agora, uma nova fase de expansão.

Ao longo destas duas décadas com a sua frota de 102 veículos, a operação da Metro do Porto permitiu retirar da circulação diária cerca de 12 mil automóveis, o que, do ponto de vista ambiental, significou menos 55 mil toneladas anuais de CO2 que deixaram de ser emitidas.

Números que atestam a importância do maior projeto urbanístico do século XX na região Norte, que alterou a paisagem da cidade invicta e dos concelhos vizinhos. Ainda assim, este foi um processo longo, com avanços e recuos, marcado por muitas dúvidas.

Descrença marcou o arranque do metro na Invicta

Em 1990, apenas 4% dos portuenses estavam convictos que um dia poderiam andar de metro na sua cidade. A percentagem, demonstrada num estudo da Câmara Municipal do Porto, revela a descrença em torno do projeto, satiricamente apelidado de “metro de papel”.

Apesar da motivação política regional, no governo central o entusiasmo não era o mesmo. Ferreira do Amaral, ministro das Obras Públicas na altura, acreditava que o Metro do Porto ia levar décadas a sair do papel e apenas em 1995/96 o executivo central garantiu ao poder local da Área Metropolitana do Porto (AMP) que o metro na Invicta ia, efetivamente, arrancar.
10 anos depois de ter sido proposto em 1989, o Metro ligeiro de superfície começa a ser construído. 21 de outubro de 2002, depois de mais de dois anos de intenso trabalho no subsolo, a “Micas”, nome dado pelos técnicos que operaram a tuneladora, chegava à superfície.

O ritmo das obras do metro do Porto não foi aquele que a empresa e os habitantes do Porto e das cidades vizinhas esperavam. O metro “esbarrou” em vários problemas que impediram o arranque que estava planeado.

Ainda assim, a 7 de dezembro de 2002, a linha azul entre a Trindade e o Senhor de Matosinhos era oficialmente inaugurada pelo primeiro-ministro José Manuel Durão Barroso.

 
 
 
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Foi como "pôr um filho cá fora"

Ermelinda Costa, uma das primeiras trabalhadoras, lembrou ao Porto Canal numa reportagem evocativa dos 20 anos do metro no Porto, que foi quase como por um filho cá fora”, A funcionária do departamento financeiro faz parte da fundação da empresa de transportes que começou a trilhar os percursos do metro do Porto no virar do século.

Logo no primeiro dia de operação, a então nova coqueluche da cidade do Porto atraiu, de imediato, mais de mil passageiros, tendo concluído o primeiro ano de exploração comercial com 6 milhões de validações. Fruto de um crescimento contínuo, ao longo de duas décadas, o metro já transportou mais de 950 milhões de pessoas e uma percentagem superior a 80% de satisfação com o serviço em geral.

 

2.ª fase de expansão ficou na gaveta

No entanto, as obras que estavam previstas para durarem quatro anos acabaram por demorar o triplo e a linha amarela só chegou a Santo Ovídio em 2011, ano em que, a 24 de maio, por despacho, o secretário de Estado dos Transportes suspendeu o lançamento do concurso para a construção da 2.ª fase da rede.

Este projeto previa uma nova linha entre Matosinhos e o centro do Porto, com passagem pela zona da Foz e Campo Alegre até à estação de São Bento e a ligação ao centro de Gondomar, pela zona de Valbom, que nunca avançou.

Além disso, estava prevista uma ligação semelhante à agora apresentada (IPO-Estádio do Mar), entre a Senhora da Hora e o Hospital de São João, por São Mamede de Infesta.

 

Projetos em andamento

Apesar do recuo da segunda fase de expansão nos moldes iniciais, a Metro tem atualmente em andamento múltiplos projetos que envolvem 511 milhões de euros, nomeadamente a nova Linha Rosa que vai ligar a Boavista, perto da Casa da Música, à Baixa, junto da Estação de São Bento, com passagens na Praça da Galiza e no Hospital de Santo António. Em declarações ao Porto Canal, em novembro de 2022, o presidente da Metro do Porto, Tiago Braga, garantiu que a obra da Linha Rosa do metro termina a 31 de dezembro de 2024.

Já a expansão da Linha Amarela do Metro do Porto compreende uma empreitada entre Santo Ovídio e Vila d’Este, incluindo as estações de Manuel Leão e Hospital Santos Silva, bem como túneis, um viaduto e um Parque de Material e Oficinas (PMO).

 
 
 
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Quanto à linha rubi vai trazer a ponte Ferreirinha, a nova travessia sobre o Douro, uma ponte em betão com o vão de 430 metros, o mais comprido da Europa. Este será o maior projeto com financiamento do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), com 370 milhões de euros. O valor global deste investimento cifra-se nos 435 milhões de euros, valor que foi revisto após inicialmente ter sido estimado em 299 milhões de euros.

 
 
 
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