Dez anos depois da primeira eleição, movimento independente perspetiva futuro pós-Moreira
Henrique Ferreira
Rui Moreira recusa a ideia de que, com o término do seu mandato na Câmara Municipal do Porto, a Associação “Porto, O Nosso Movimento” tenha os dias contados e garante que nos últimos dez anos “sempre existiram outros protagonistas”. O movimento independente assinalou, esta quinta-feira, uma década de governação com um jantar comemorativo.
“Estes movimentos são uma porta de vai e vem”, assegurou o autarca aos jornalistas.
Para Moreira, “quando um movimento consegue atrair mais de 200 pessoas para um jantar seguramente está de muito boa saúde”.
Moreira vestiu no jantar desta quinta-feira a camisa azul com que fez várias ações de campanha no passado
As comemorações evocativas dos dez anos do movimento de Rui Moreira à frente do município do Porto aconteceram, esta quinta-feira, na Fundação António Cupertino de Miranda.
Filipe Araújo: “há muita gente capaz” no movimento para suceder a Moreira
O jantar, que foi apontado como um teste às bases independentes e à capacidade de mobilização do movimento, não ajudou, no entanto, a dissipar dúvidas quanto à sucessão de Rui Moreira.
Questionado pelo Porto Canal, Filipe Araújo, atual presidente do movimento, não confirma se será o candidato às autárquicas de 2025 e diz mesmo que “há muita gente capaz” dentro da organização a que preside.
“Sobre o que virá em 2025, o que posso dizer é que nós gostávamos que este movimento, que veio em prol da cidade, continuasse. Essa é a grande mensagem que quero deixar”, afirma o vice-presidente da Câmara Municipal do Porto.
Filipe Araújo é apontado como o sucessor de Moreira na Câmara do Porto
Confrontado com os rumores de instabilidade dentro da associação, Filipe Araújo diz que “a melhor resposta é olhar para as 200 pessoas que estão na sala e que acreditam no movimento”.
Movimento nega rutura com a Iniciativa Liberal
Filipe Araújo nega ainda que os independentes estejam em rutura com a Iniciativa Liberal, partido com que estabeleceram um acordo pré-eleitoral nas últimas eleições autárquicas.
Tal como avançou o Porto Canal na tarde desta quinta-feira, Rui Rocha, presidente dos liberais, foi convidado, mas não marcou presença nas comemorações, tendo o partido sido representado pelo tesoureiro nacional, Tiago Oliveira Martins.
Tiago Oliveira Martins, tesoureiro nacional da Iniciativa Liberal, não ficou sentado na mesa de Rui Moreira e Filipe Araújo
“O convite ao Dr. Rui Rocha foi feito por mim e ele esteve até à última a ver a sua agenda para conseguir estar. Não conseguindo, designou um representante”, explica Filipe Araújo.
Segundo o presidente do movimento, “se existisse uma rutura com a Iniciativa Liberal não estaria presente no jantar um representante do partido”.
Além da Iniciativa Liberal, estiveram representados no jantar CDS-PP e PSD. Nuno Melo, presidente do CDS-PP, foi um dos convidados, assim como Alberto Machado, presidente da concelhia do Porto do PSD.
“Nunca deixaremos de trabalhar com os partidos”, assegura Filipe Araújo, que reforça a importância que os acordos pré-eleitorais tiveram nos últimos dez anos de governação.
Apesar disso, Araújo já garantiu que o movimento não vai integrar a lista de nenhum partido nas próximas eleições. Em entrevista ao Jornal de Notícias, em junho deste ano, o independente explicava que a associação cívica queria avançar com uma lista própria à autarquia.
Nuno Melo e Alberto Machado sentaram-se ao lado de Moreira e Filipe Araújo
O revisitar do passado e os conselhos de Moreira
Perante os cerca de 200 apoiantes presentes no jantar de comemoração, Filipe Araújo e Rui Moreira discursaram sobre o passado do movimento e revisitaram as conquistas dos últimos dez anos.
Quanto ao futuro, Araújo não deixou grandes garantias, mas Moreira quis deixar conselhos. “O que vos peço é que se empenhem, que tentem falar com os partidos, que garantam que a cidadania no Porto funciona de forma diferente”.
“Podem não se entender todos, mas continuem”, apelou o independente.
Rui Moreira assegura que a fundação do movimento “valeu imenso a pena” e, apesar de não perspetivar nem o futuro do movimento, nem o seu próprio, garante que vai continuar a pertencer ao quadro de militantes.