“Um dia vai haver uma tragédia”. Há cada vez mais casos de lasers apontados a pilotos durante aterragens no Porto
Ana Francisca Gomes
Há cada vez mais casos reportados de lasers que são apontados a aviões durante a fase de aterragem. A NAV Portugal alerta para a prática “altamente prejudicial” para os pilotos e passageiros que transportam.
Nos últimos dois dias, José Correia Guedes, antigo comandante da TAP, tem recorrido às suas redes sociais para partilhar alguns casos e alertar para os perigos desta prática.
Mais um ataque com laser. Foi ontem às 20:45 no momento em que um Airbus A321 da Vueling se preparava para aterrar na pista 35 do Porto. Se isto já é mau durante o dia imaginam o que faz a um piloto durante a noite? pic.twitter.com/skUXTVHsGi
— José Correia Guedes (@cpt340) September 14, 2023
Nas passadas quarta e terça-feira reportou dois casos no Aeroporto Francisco Sá Carneiro, na cidade do Porto, mas a prática acontece um pouco por todo o país. “A informação que tenho é da NAV - que controla o espaço aéreo português – e diz que está a acontecer em média um episódio por dia no espaço português: Lisboa, Porto, Faro e Funchal”, alertou José Correia Guedes ao Porto Canal.
Os episódios terão começado entre 2016 e 2017 – altura em que se começou a difundir mais a tecnologia de lasers – “mas o grau de incidência tem aumentado tanto nos últimos tempos” que ao antigo piloto receia que “um dia possa haver uma tragédia”.
Loucura!
— José Correia Guedes (@cpt340) September 12, 2023
Quase todos os dias um avião em aproximação a aeroportos portugueses é "atacado" por um feixe de raios laser
Hoje ocorreu mais um caso com um avião da TAP em aproximação à pista 35 do Porto.
Temos que acabar com isto. Se virem alguém cometer este crime pf avisem a PSP pic.twitter.com/ZDrutL03F3
Para José Correia Guedes, que passou mais de metade da sua vida ao serviço da TAP, é difícil entender o que levaria uma pessoa a pontar uma luz laser para um avião no momento de aterragem: “é um disparate, uma irresponsabilidade e uma inconsciência”.
“Talvez as pessoas que fazem estes disparates não tenham a noção do perigo que estão a causar e é por isso que eu peço às pessoas e à comunicação social que divulguem isto, porque é um risco enorme. Antes que haja uma tragédia, temos que acabar com isto. Não sei se vamos conseguir, a polícia só não chega. Vai ter que ser um ato de civismo, as pessoas têm que denunciar os infratores”, declarou.
O Porto Canal confirmou junto de fonte da NAV Portugal de que esta é uma “prática recorrente” e que tem sido reportada às autoridades. “É uma atividade que nos preocupa e que é altamente prejudicial”.