‘Limpeza’ de tendas na Pasteleira dificulta acompanhamento social no Porto
Maria Abrantes
O desmantelamento das tendas, na zona da Pasteleira, no Porto, que aconteceu no início de janeiro, levou a que as pessoas se encontrassem “numa situação de bastante destruturação”.
Quem o diz é a coordenadora técnica do programa de consumo vigiado do município do Porto, Diana Castro, à margem de uma visita às instalações da sala de consumo assistido, aberta à comunicação social.
De acordo com a coordenadora, a ação levada a cabo pela autarquia do Porto, fez aumentar a procura pela resposta dada na sala de consumo vigiado, especialmente no que diz respeito a apoios suplementares, como disponibilização de roupas e cobertores.
Mas, a ação de limpeza, que teve como objetivo atenuar o consumo de estupefacientes em espaço público, pode ter colocado em risco algumas das pessoas que estavam já “sinalizadas naquele local e que eram acompanhadas no ponto de vista de toma observada de medicação e era muito importante, por uma questão de saúde pública, garantir que essas pessoas não abandonavam os tratamentos”.
Situação que obrigou a equipa de técnicos a um esforço adicional na zona circundante dos bairros da Pasteleira e Pinheiro Torres “para garantir que não havia abandono” ao nível de terapêutica.
Autarquia do Porto insiste na criminalização do consumo a ‘céu aberto’
“Este é um problema complexo, não vale a pena escondê-lo e exige respostas integradas de muitas entidades e o município do Porto tem estado à altura de dar muitas respostas”, insiste Catarina Araújo, vereadora com o pelouro da Saúde e Qualidade de Vida da Câmara do Porto, que volta a destacar o orçamento alocado ao funcionamento da sala de consumo vigiado, que ronda os 650 mil euros.
Confrontada pelos jornalistas, à margem da primeira visita oficial da autarquia ao equipamento instalado junto ao bairro Pinheiro Torres, a vereadora reitera que a lei atual não garante um conjunto obrigatório de direitos e garantias.