Boaventura gabava-se de guardar dinheiro de Vieira e ter muita influência no Benfica, alega o Ministério Público
Porto Canal
César Boaventura, o principal arguido da ‘Operação Malapata’, é há muito um rosto conhecido na justiça portuguesa. Regularmente associado ao universo benfiquista, o empresário que apregoava uma vida de luxo e influência nas mais elevadas esferas desportivas poderá, no entanto, não passar de uma personagem “pouco verídica”.
De acordo com uma notícia avançada esta sexta-feira pelo jornal Público, César Boaventura terá colecionado ao longo da sua alegada “atividade profissional” um conjunto de faturas falsas, extratos bancários fictícios e empréstimos que não terão sido saldados… nem tão pouco declarados ao fisco.
Cinco crimes de burla qualificada, três de falsificação de documentos, um de branqueamento de capitais e um de fraude fiscal qualificada: são estes os dez crimes dos quais o empresário é acusado.
Tendo tido acesso à acusação, o jornal revela que o Ministério Público foi capaz de desenhar o “modus operandi” do empresário. Os empréstimos arrecadados junto de vários empresários terão sido conseguidos à custa da apresentação de extratos bancários (falsificados), relativos a contas com milhões de euros. Essas contas seriam apresentadas com o objetivo de ganhar a confiança necessária para garantir novos empréstimos, verbas essas que seriam utilizadas para financiar uma vida de luxo bastante díspar, recorda o ‘Público’, com a situação de insolvência em que se encontrava desde 31 de outubro de 2014.
Estes comportamentos seriam consolidados pela “colagem” frequente ao nome de Luís Filipe Vieira, ex-presidente do Benfica, de quem Boaventura se gabaria de ser próximo. Os retornos financeiros fáceis eram assegurados pelo empresário, que garantia ser capaz de integrar facilmente jogadores nas camadas iniciados do clube ‘encarnado’.
“Para além da notoriedade que procurava e publicitava nas redes sociais, César Boaventura, para conferir maior credibilidade à sua veste de empresário de futebol de sucesso, fabricou contratos de exploração de direitos de imagem, confissões de dívida e extratos bancários, documentos esses utilizados para convencer terceiros a entregarem-lhe as importâncias que o mesmo foi pedindo e que foram canalizados para fins distintos ao que anunciava”, alega o Ministério Público.
Segundo o jornal Público, o Ministério Público relata o caso de um empresário de construção civil a quem Boaventura se terá gabado de possuir uma conta onde guardava o dinheiro de Vieira. Joe Lima terá então ficado “sem as poupanças de uma vida”, depois de empresar mais de 300 mil euros ao arguido.
“Já no ano de 2021, César Boaventura, como forma de garantir que iria pagar o que devia a Joe Lima, informou que tinha 30 milhões de euros no estrangeiro, mas que apenas 20% lhe pertenciam, já que o remanescente seria do presidente do Benfica. César Boaventura assegurou que o anterior presidente do Benfica, sabendo da existência de processos-crime em investigação, lhe tinha pedido para colocar nessa conta 22 milhões de euros, não podendo, pois, movimentar a respetiva conta”, pode ser lido na acusação do Ministério Público.