Jogador do Marítimo denuncia tentativa de corrupção para perder com o Benfica
Porto Canal
Edgar Costa, atleta da equipa do Marítimo, denunciou em junho de 2019, à procuradora Andrea Marques, a tentativa de suborno do empresário Miguel Pinho, de forma a que "facilitasse" em campo num jogo em que defrontaria o Benfica. A informação é avançada na edição desta semana do jornal Expresso.
Este é um caso que já havia sido abordado pela SIC, após uma entrevista a dois jogadores da equipa insular que, tendo optado por manter o anonimato, garantiram ter sido abordados por empresários afetos ao Benfica, que lhes terão prometido dinheiro “para jogarem mal de propósito”.
Segundo o Expresso, o caso relatado à procuradora remonta a maio de 2016. Dois dias antes de uma partida frente ao Benfica, Edgar Costa terá recebido uma chamada não identificada que culminou com a marcação de um encontro no Pestana Casino Park, no Funchal. O jogador garante ter assumido que o empresário que o havia contactado o tinha feito com o interesse de lhe apresentar uma "irrecusável" proposta futebolística, estando longe de imaginar a tentativa de suborno que viria a presenciar
Os objetivos do homem que o recebeu, um indivíduo de 25-30 anos, de acordo com a notícia avançada pelo Expresso, acabariam por se tornar claros. Depois de ter sido convidado a subir a um quarto no terceiro piso do hotel do encontro, onde um outro homem mais velho os aguardava, as apresentações foram feitas. Ambos se encontravam ali “em nome do Benfica”, com o objetivo de fazer uma oferta “no valor de 30 mil euros” se o jogador se demonstrasse disposto “a jogar mal e não rematar à baliza”. Posteriormente, um novo contrato, acompanhado por um bom ordenado e com um clube cujo nome não foi abordado, seria apresentado.
A procuradora, de acordo com o semanário Expresso, terá exibido ao jogador um álbum onde figuravam os hóspedes presentes no referido hotel à data dos factos descritos.
Edgar Costa terá então identificado Miguel Pinto, CEO da "Positionnumber" e empresário de futebol que representa atualmente nomes como Bruno Fernandes e Nuno Mendes. Para além disso, Miguel Pinto é há vários anos um rosto familiar no seio do Benfica, mais concretamente no futebol de formação dos 'encarnados'. O seu nome surgiu recentemente numa notícia avançada pelo ‘Correio da Manhã’, onde é relatada a venda inflacionada de jovens ao clube por 15 milhões de euros.
Para além do seu caso, Edgar Costa terá, segundo o ‘Expresso’, referido que “ouviu falar” numa oferta de 400 mil euros por parte do Sporting, para todo o plantel do Marítimo, caso os insulares fossem capazes de vencer o Benfica. Esse ‘prémio’ resultaria em, aproximadamente, 12 mil euros para cada jogador da equipa.
A partida acabaria por não correr de feição ao Marítimo, tendo o Benfica vencido por 2-0. Edgar Costa acabaria por admitir que a equipa, tal como ele próprio, podia ter “feito melhor”.
Se o caso chegar a julgamento, este é um depoimento que poderá ser utilizado pela procuradora em tribunal. Recorde-se que foi através deste mesmo processo que o atual presidente benfiquista, Rui Costa, em conjunto com outros administradores da SAD, foram constituídos arguidos.
O semanário Expresso afirma ter contactado Miguel Pinho, que considerou as acusações “descabidas e sem fundamento”.
César Boaventura, um nome já familiar que também está sob a mira da procuradora
A informação avançada pelo ‘Expresso’ revela que o empresário está também “na mira” de Andrea Marques, que investigou tentativas de aliciamento a ex-jogadores do Rio Ave para perderem de propósito contra o Benfica. A procuradora terá ouvido por duas ocasiões o guarda-redes Cássio, que lhe confirmou que Boaventura ofereceu “60 mil euros para que facilitasse a derrota da sua equipa”. Um ano depois, o guardião receberia novo telefonema, de alguém que se identificou como “Zé Carlos”, para que voltasse a facilitar num jogo contra o Benfica. Esta foi uma conversa, de acordo com o ‘Expresso’, escutada pela Polícia Judiciária. O alegado empresário, que terá tentado fingir um sotaque brasileiro, acabou por revelar que sabia que “no ano passado” as coisas não haviam corrido “muito bem”.
Também o defesa Lionn confessou, segundo informações avançadas pelo 'Expresso', terem-lhe sido oferecidos 80 mil euros, para “levar um amarelo na primeira parte”, “fazer um penálti e ser expulso na segunda parte, batendo com a mão no chão”.