Aeroporto do Porto ultrapassa números pré-pandemia e bate recordes. TAP fica para trás
Porto Canal
Segundo dados oficiais da Autoridade Nacional da Aviação Civil, no segundo trimestre, o Aeroporto Francisco Sá Carneiro recebeu mais de 3,5 milhões de passageiros, o número mais elevado de sempre no período. TAP não acompanhou tendência de recuperação.
Entre abril e junho de 2019, último ano antes da pandemia, o aeroporto do Porto recebeu 3,2 milhões de passageiros. O número, à data recorde, viria a ser superado no trimestre seguinte, durante o verão. Apenas cinco meses depois, no final do primeiro trimestre de 2020, a aviação comercial mergulhava na maior crise de sempre, fruto da paralisação global da atividade provocada pela pandemia por covid-19.
A retoma em todos os aeroportos nacionais, que teve início no 3.º trimestre de 2021, culminou agora com os primeiros números a superarem o período pré-pandemia. Em número de passageiros, o aeroporto Francisco Sá Carneiro cresceu 45% face ao primeiro trimestre do ano, 4,4% face ao período homólogo de 2019 e bateu um novo recorde, ao superar os 3,5 milhões de passageiros no 2.º trimestre.
A liderar a recuperação do aeroporto está a Easyjet, cuja presença no Porto cresceu, em número de passageiros, mais de 58%, de 239 mil para 571 mil. Também a Ryanair cresceu face ao período pré-pandemia: a companhia de base irlandesa passou de de 1,19 milhões para 1,25 milhões de passageiros, uma variação de aproximadamente 4%.
Em sentido inverso, a presença da TAP no Porto está reduzida a mínimos históricos. A companhia aérea de bandeira nacional diminuiu a sua presença no Sá Carneiro em mais de 65% entre o período pré-pandemia e o período pós-pandemia. A perda de quota de mercado é ainda mais expressiva em número de passageiros: de 650 mil transportados entre Abril e Junho de 2019, a TAP passou para 392 mil no mesmo período de 2022.
Recuperação mais lenta em Lisboa
Ao contrário do Porto, em Lisboa os números ainda não superaram o período pré-pandemia. No Aeroporto Humberto Delgado, o 2.º trimestre de 2022, face ao período homólogo de 2019, apresenta uma redução do número de passageiros em 7,5%. A presença da TAP, por força do hub instalado na capital, continua ainda assim forte. Apesar do plano de reestruturação aprovado por Bruxelas em dezembro de 2021, que impôs à TAP uma redução substancial na frota e levou a companhia a ter de abdicar de 18 slots diárias em Lisboa, a presença no Humberto Delgado mantém-se esmagadora. Entre abril e junho de 2022, a quota de mercado em número de passageiros foi de 47% e em número de movimentos de 51%.
Ponte aérea é a grande aposta da TAP
Após a pandemia, cinco rotas da TAP não regressaram ao Porto (Amesterdão, Madrid, Milão, Munique, Bruxelas) e o plano entregue pela companhia para o Inverno IATA (W22) já permite antever que a retoma também não está prevista para o próximo semestre.
A atividade no Porto está agora reduzida a 11 destinos, o número mais baixo das últimas décadas. Na maior parte desses destinos, a companhia aérea de bandeira nacional reduziu frequências e lugares disponíveis. Para o Inverno IATA, a partir do Porto, a TAP prevê reduzir lugares na ligação a Londres, Luxemburgo Nova Iorque, Ponta Delgada, Zurique e Genebra. Sem alterações mantém a ligação ao São Paulo. E com mais vagas disponibilizadas estão previstas as ligações ao Rio de Janeiro, Funchal, Paris e Lisboa.
A ponte aérea entre os dois principais aeroportos nacionais continua a ser a grande aposta estratégica da TAP para o Porto. No Inverno de 2019, a companhia aérea disponibilizou 460 mil lugares na ligação Porto-Lisboa, número que em 2022 passa para 485 — um crescimento de 5,5%, em contraciclo com a diminuição da atividade da TAP no Porto em cerca de 65% no mesmo período.