Covid-19: Viktor Orbán recusa críticas e impõe novas restrições na Hungria
Porto Canal com Lusa
Budapeste, 27 mar 2020 (Lusa) -- O primeiro-ministro da Hungria, Viktor Orbán, recusou hoje as críticas à intenção de reforçar os seus poderes para combater a pandemia provocada pelo novo coronavírus e anunciou o confinamento a casa de toda a população durante duas semanas.
Falando na rádio pública Kossuth, Orbán anunciou que, a partir de sábado e até 11 de abril, só são autorizadas saídas para trabalhar ou adquirir bens essenciais.
Os maiores de 65 anos só poderão ir a supermercados, mercados e farmácias entre as 09:00 e as 12:00.
Estão previstas exceções como a prática de exercício físico ao ar livre, desde que seja respeitada a distância de um metro e meio de outras pessoas.
As medidas são semelhantes às tomadas em vários outros países, nomeadamente europeus, para conter a propagação do vírus que causa a covid-19.
Na próxima semana, Viktor Orbán vai voltar a apresentar ao parlamento uma proposta que o autoriza a governar por decreto, prolongar o estado de emergência indefinidamente e suspender o calendário eleitoral.
A proposta prevê ainda penas de até cinco anos de prisão para quem difundir "informações falsas" sobre o vírus, num país onde essa acusação tem sido feita sobretudo contra os 'media' independentes.
A proposta tem suscitado críticas de organizações não-governamentais húngaras, que advertem para a emergência de "uma ditadura" na União Europeia (UE), e de organizações internacionais, como a UE, a ONU ou o Conselho da Europa, que pedem medidas "proporcionadas" que não afetem as liberdades fundamentais.
O primeiro-ministro nacionalista rejeitou hoje essas críticas: "Disse claramente aos lamuriosos e aos assediadores europeus, se posso dizer assim, que não tenho tempo para discutir questões jurídicas".
"Há nesta altura uma epidemia e vidas a salvar. Por isso, se não nos podem ajudar, ao menos deixem os húngaros defender-se", disse, acrescentando ter assegurado ajuda da China e do Conselho dos Estados de Língua Turca.
A violação das medidas de confinamento agora anunciadas é punível com multas até aos 500.000 florins (1.400 euros).
O Governo húngaro decretou o estado de emergência a 11 de março, e encerrou as fronteiras aos não-residentes a 17 de março.
A Hungria, que tem 9,8 milhões de habitantes, regista 300 casos de infeção pelo novo coronavírus, 10 dos quais mortais.
O novo coronavírus já infetou cerca de 540 mil pessoas em todo o mundo, perto de 25 mil das quais morreram.
A Europa é atualmente o continente mais atingido, com mais de 292 mil casos e quase 16 mil mortos.
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