Presidente da Lituânia acusa Rússia de querer redesenhar mapa da Europa
Porto Canal
A Presidente da Lituânia, antiga república da União Soviética, acusou hoje Moscovo de querer redesenhar as fronteiras da Europa com as suas ações na Ucrânia, e lamentou que os líderes europeus ainda não tenham respondido a esta ameaça.
Dalia Grybauskaite, que falava à entrada de uma cimeira extraordinária de chefes de Estado e de Governo da União Europeia (UE) consagrada à tensão na Ucrânia, considerou que, antes de mais, é necessário que a Europa mostre um sinal de união, mas observou que ainda não viu "uma reação expedita" à ameaça que considera vir de Moscovo.
"Trata-se de uma agressão aberta e brutal, é exatamente isso que está a acontecer, e nós temos que o compreender. É uma demonstração de força, uma demonstração de comportamento imprevisível internacionalmente. Trata-se de redesenhar as fronteiras. A Rússia hoje é perigosa. A Rússia hoje é imprevisível", declarou.
Segundo a chefe de Estado lituana, a abordagem "musculada" da Rússia na Ucrânia representa uma ameaça direta a outras antigas repúblicas soviéticas e outros países, já que, sustentou, "depois da Ucrânia será a Moldávia, e depois da Moldávia serão outros países".
Os chefes de Estado e de Governo da União Europeia iniciaram hoje, em Bruxelas, uma cimeira extraordinária convocada com caráter de urgência para discutir a situação na Ucrânia, abrindo os trabalhos com um encontro com o primeiro-ministro ucraniano.
Convocada na passada segunda-feira, a reunião de líderes europeus, na qual participa o primeiro-ministro Pedro Passos Coelho, visa discutir os meios de ajudar a Ucrânia -- designadamente o apoio de 11 mil milhões de euros anunciado pela Comissão Europeia - e de responder à "agressão" russa na Crimeia, onde a situação continua tensa.
A tensão entre a Ucrânia e a Rússia agravou-se na última semana, após o afastamento do ex-presidente Viktor Ianukovich e a presença de militares russos na Crimeia, península do sul do país onde está localizada a frota da Rússia do Mar Negro.
Na terça-feira, em conferência de imprensa, o Presidente russo, Vladimir Putin, alegou que interveio na Crimeia a pedido de Ianukovich e anunciou que mantém o "direito de atuar" na Ucrânia, em último recurso, para defender cidadãos russos.
A crise na Ucrânia começou em novembro com protestos contra a decisão de Ianukovich de recusar a assinatura de um acordo de associação com a UE e promover uma aproximação à Rússia.
Em fevereiro, após meses de manifestações e confrontos no centro de Kiev, Ianukovich foi afastado, tendo tomado posse um novo Governo, pró-ocidental.