Vítor Gaspar não ficou para ver o seu orçamento ser cumprido
Porto Canal
A pasta das Finanças é agora liderada por Maria Luís Albuquerque, que continuou a cumprir o orçamento deixado por Gaspar, e tudo indica estar num bom caminho. Embora o orçamento tenha sido rectificado, está a dois terços do fim do ano de ser cumprido e sem recurso a medidas extraordinárias.
Quando se demitiu em Junho de 2013, Vítor Gaspar admitiu que a repetição de desvios face aos limites do programa da troika acabou por “deteriorar” a sua credibilidade enquanto ministro das Finanças.
O orçamento rectificado apresentado em Maio pelo antigo ministro teria praticamente aguentado até ao final do ano, onde a meta de 5,5% do PIB estaria assegurada. Com a saída de Gaspar podemos definir dois períodos politico-económicos, o durante o seu mandato e o depois.
A 16 de Outubro de 2012 é apresentado o Orçamento de Estado com um défice de 4,5% e um enorme aumento de impostos. Já a 20 de Fevereiro de 2013 o antigo ministro sinalizava um agravamento das condições e acabava por duplicar a previsão da recessão para 2% e o desemprego de 16,4% para os 17,3%.
No decorrer da sétima avaliação, a 15 de Março de 2013, a troika aceita uma flexibilidade no défice passando assim para 5,5%. A 5 de Abril de 2013 o Tribunal Constitucional chumba o corte de um dos subsídios do Estado e dos pensionistas. No mesmo dia em que o Orçamento é retificado para que seja possível cumprir a meta dos 5,5%,a 29 de Maio de 2013, Vítor Gaspar demite-se e Maria Luís Albuquerque, secretária de Estado do Tesouro, ocupa o seu lugar. Inicia-se assim o período pós-Gaspar, e a 14 de Agosto de 2013 o PIB quebra série de dez trimestres seguidos a cair e sobe 1,1% em cadeia e finalmente o desemprego começa a estabilizar.
Quase dois meses depois com a proposta de Orçamento para 2014 definido, o Governo decide apresentar um novo rectificativo para 2013, o perdão fiscal. A 4 de Janeiro é divulgado pelas Finanças que o perdão fiscal rendeu mais 600 milhões de euros do que estava previsto.
Duas semanas mais tarde o Governo divulga um resultado entre os 4,3% e 4,4% do défice orçamental, ficando assim com folga para 2014. Diante estes sinais de retoma, Vítor Gaspar saberia que quem o viesse suceder teria uma tarefa menos dura.
De momento Gaspar é consultor do Banco de Portugal e recentemente candidatou-se a um alto cargo no FMI, no departamento de política fiscal do Fundo Monetário Internacional, quem avança a notícia é o Expresso.