Mergulhadores realizam imersão, próxima de navio, mas desistem devido a más condições
Porto Canal
Dois mergulhadores do Salvamento Marítimo espanhol conseguiram hoje aproximar-se (ficaram a cerca de quatro metros) do pesqueiro português Santa Ana, que naufragou nas Astúrias, mas devido à pouca visibilidade não conseguiram chegar à embarcação.
Fonte do Salvamento Marítimo explicou à Lusa que devido às más condições do mar uma nova tentativa de chegar ao navio foi adiada para quarta-feira.
A operação de hoje decorreu cerca das 12:45 locais (11:45 em Lisboa) e os mergulhadores puderam confirmar as fortes correntes que se sentem na zona, onde estão destroços e equipamentos do próprio navio.
"A aproximação ao navio está a ser complicada pelas ondas. Ontem [segunda-feira] realizaram uma imersão mas a 30 metros de distância e as ondas eram tão grandes que os arrastou para próximo do navio", disse a fonte. "Há redes, aparelhos e outro material na água o que torna o mergulho muito perigoso", explicou.
A mesma fonte referiu que o navio está "praticamente na vertical", com parte da proa visível fora de água, e os mergulhadores vão "tentar estudar o navio sem se aproximar demasiado por questões de segurança".
"Prevê-se alguma melhoria nas condições marítimas nos próximos dias. Tudo tem que ser feito com muito cuidado devido à condição do mar", referiu, deixando antever que o acesso ao interior da embarcação pode ainda demorar alguns dias.
Nas operações de busca e salvamento participam três embarcações e um helicóptero do Salvamento Marítimo e dois navios patrulha da Guarda Civil.
A mesma fonte explicou que na zona permanecem duas embarcações do Salvamento Marítimo, uma lancha da Cruz Vermelha e um navio patrulha da Guarda Civil.
Os dois helicópteros que apoiam as operações ainda não descolaram hoje, devido à fraca visibilidade na zona.
Os quatro mergulhadores, apoiados por um técnico de operações especiais, são provenientes da base estratégica do Salvamento Marítimo próximo da Corunha (Galiza), estando desde segunda-feira na zona de Avilés, nas Astúrias.
O naufrágio causou dois mortos, um português e um espanhol, e estão seis tripulantes desaparecidos (um português, três espanhóis e dois indonésios), tendo sido resgatado com vida o capitão do navio, de nacionalidade espanhola.
Fonte consular disse à Lusa que se estão a ultimar os preparativos para a trasladação do pescador português falecido, Francisco Gomes Fragateiro, para Leça de Palmeira.
As autoridades espanholas consideram que os seis desaparecidos, entre os quais o português Vítor José Farinhas Braga, poderão estar no interior do navio, já que estariam a dormir no momento do acidente, que ocorreu às 05:30 locais (04:30 em Lisboa).
Armando Soares, representante em Portugal do armador do navio, Pescas Balayo, disse à agência Lusa que o naufrágio pode ter sido causado por um baixio.
Entretanto, o município galego de Muros - de onde eram oriundos dois dos tripulantes desaparecidos e o único sobrevivente, para já, da tragédia - decretou três dias de luto oficial.
As vítimas da tragédia foram já identificadas e o funeral do espanhol, cujo corpo foi resgatado na segunda-feira, deverá decorrer na quarta-feira no cemitério da Abelleira, em Muros, segundo informou a autarca local.
O corpo do cozinheiro do navio chegou à sua terra natal, Esteiro, próximo de Muros, durante a madrugada de hoje.
O único sobrevivente, para já, da tragédia, Manuel Simal Sande, de 50 anos e também natural de Muros, recebeu alta hoje, regressando à Galiza.