PS duvida da transparência do "negócio" mas PSD mostra-se disponível para debater tudo em qualquer lugar

| Política
Porto Canal / Agências

Lisboa, 04 dez (Lusa) - O PS criticou hoje a transparência do "negócio" de subconcessão dos Estaleiros Navais de Viana do Castelo (ENVC), enquanto o PSD disse estar disponível para debater tudo e em qualquer instância sobre esta unidade produtiva.

Estas posições foram assumidas pelo deputado socialista Jorge Fão e pelo social-democrata Carlos Abreu Amorim em plenário, na Assembleia da República, no período de declarações políticas.

Jorge Fão acusou o Governo de ter pretendido apenas "ver-se livre a qualquer preço dos únicos estaleiros de construção naval portugueses, desprezando os mais de 600 trabalhadores, o seu conhecimento e experiência, sem qualquer garantia da continuidade da construção e reparação naval".

"Este Governo fez nova investida contra esta empresa pública e escolheu subconcessionar, sem ónus, nem encargos, terrenos, instalações e equipamentos a troco de míseros 40 mil euros de renda por mês ao único concorrente que se interessou por este pouco transparente negócio", declarou o deputado do PS eleito pelo círculo de Viana do Castelo.

Jorge Fão procurou ainda estabelecer uma diferença entre a atuação dos executivos de José Sócrates e do atual Governo em relação aos estaleiros.

"O anterior Governo rejeitou os cenários de encerramento e refundação, mandando elaborar um Plano de Recuperação e Viabilização. O atual Governo PSD/CDS, através do ministro da Defesa, Aguiar-Branco, decidiu abandonar o caminho da viabilização e da modernização da empresa e cometeu o pecado mortal de optar por se deixar cegar pela obsessão de encerrar", sustentou.

Uma tese imediatamente rejeitada pelo dirigente da bancada social-democrata Carlos Abreu Amorim, manifestando indignação por o PS não assumir qualquer responsabilidade "pelo que fez nos últimos anos nos ENVC e pelos gestores que nomeou, que tomaram decisões ruinosas".

Carlos Abreu Amorim frisou que em junho de 2011, quando o atual Governo iniciou funções, os estaleiros eram já "uma empresa moribunda", situação que o atual executivo tentou inverter por todas as formas.

"O PSD está totalmente disponível para debater tudo na Comissão Parlamentar de Defesa ou em qualquer outro lugar sobre os ENVC", frisou Carlos Abreu Amorim, numa referência indireta à intenção do PCP de constituir uma comissão parlamentar de inquérito sobre a situação dos estaleiros.

No mesmo sentido de responsabilização do PS, o deputado do CDS-PP Abel Baptista referiu que os ENVC, entre 2006 e 2011 [períodos de governos socialistas], forçaram o Estado a entrar com cerca de 35 milhões de euros por ano para cobrir prejuízos e para manter a empresa em funcionamento.

Abel Baptista deixou também uma questão ao PS sobre como vai posicionar-se em relação ao novo projeto da empresa Martifer.

"Qual a palavra que tem o PS para uma empresa que vai iniciar a sua atividade?", questionou, frisando, depois, que a Martifer comunicou à Comissão de Mercados de Valores Mobiliários (CMVM) que tenciona empregar cerca de 400 trabalhadores.

Um dos ataques mais duros à estratégia do executivo para os estaleiros partiu da deputada de "Os Verdes" Heloísa Apolónia, dizendo que a intenção do Governo foi "fragilizar a carteira de encomendas, que tinha um enorme potencial, de modo a afirmar posteriormente que os estaleiros eram inviáveis, para os entregar a privados".

Já Mariana Aiveca, pelo Bloco de Esquerda, lamentou "o espetáculo de passa culpas entre PS e PSD" sempre que se discute a situação dos ENVC, posição também seguida pela deputada do PCP Carla Cruz, que também criticou duramente o ministro da Defesa.

"O despedimento de todos os trabalhadores desmente aquilo que o ministro da Defesa sempre afirmou. Os ENVC são o exemplo da política deste Governo de abdicação da defesa dos interesses estratégicos nacionais, estando ao serviço do grande capital. Mas o PS não está isento de responsabilidades", observou Carla Cruz.

PMF // SMA

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