Nova lei anti-imigrantes húngara "pode conduzir ao caos"
Porto Canal com Lusa
Budapeste, 08 set (Lusa) -- A nova lei anti-imigrantes aprovada na sexta-feira pela Hungria e que deve entrar em vigor em breve poderá "conduzir ao caos", advertiu hoje o organismo da ONU para os refugiados, apelando a uma "melhor coordenação entre todos os intervenientes".
"É importante que a aplicação desta legislação seja bem pensada (...) Caso contrário, poderá conduzir ao caos na fronteira após 15 de setembro", a data prevista para a sua entrada em vigor, preveniu Vincent Cochetel, responsável para a Europa do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados.
Cochetel assinalou a necessidade de uma "melhor coordenação entre todos os intervenientes, a polícia, os serviços de imigração, as autoridades locais e as agências humanitárias na fronteira".
A lei, votada sexta-feira pelo parlamento húngaro sob proposta do primeiro-ministro Viktor Orban, reforça as possibilidades de envio do exército para as fronteiras e torna a imigração ilegal passível de uma pena até três anos de prisão.
A fronteira entre a Hungria e a Sérvia tornou-se nos últimos meses num dos principais pontos de passagem e continua a ser utilizada por milhares de migrantes e refugiados, na maioria sírios em fuga da guerra que pretendem entrar na União Europeia (UE).
Mais de 160 mil migrantes atravessaram ilegalmente a fronteira húngara desde o início de 2015, incluindo 2.706 apenas na segunda-feira, referiu Budapeste.
Segundo Cochetel, cerca de 42 mil pessoas poderão chegar nos próximos dez dias à Hungria a partir da Grécia, Macedónia e Sérvia.
Para enfrentar este afluxo, a Hungria decidiu erguer uma barreira provisória com arame farpado ao longo dos 175 quilómetros da sua fronteira com a Sérvia, completada por um muro de quatro metros de altura que deverá estar concluído no final de outubro.
Na terça-feira, e numa visita noturna à fronteira, Orban considerou que "os trabalhos em curso deste muro devem ser acelerados".
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