Directores querem gerir a Bolsa de Contratação para resolver falta de docentes
Porto Canal / Agências
Lisboa, 14 out (Lusa) -- Os diretores escolares querem que a Bolsa de Contratação de Escola (BCE) seja gerida pelas escolas e não pelos serviços ministeriais, garantindo que, desta forma, vão conseguir colocar os professores em falta em pouco tempo.
O vice-presidente da Associação Nacional de Diretores de Agrupamentos e Escolas Públicas (ANDAEP), Filinto Lima, e o presidente da Associação Nacional de Dirigentes Escolares (ANDE), Manuel Pereira, voltaram hoje a alertar para a necessidade de alterar a forma como está a funcionar a BCE.
Para Filinto Lima, a solução passa por transferir para as escolas a gestão das listas de professores, "tal como estava inicialmente previsto".
Filinto Lima tem "esperança" de ouvir esta mudança ainda hoje pela boca do ministro da Educação ou, na quarta-feira, durante a reunião com os técnicos da Direção Geral da Administração Educativa (DGAE).
"Na convocatória feita pela DGAE, lê-se que vai ser discutida a 'BCE continua' e essa é a colocação ao minuto", disse à Lusa Filinto Lima, explicando que, em vez de ser a DGAE a enviar mensagens de correio eletrónico aos professores e às escolas, dizendo-lhes que existe uma vaga que podem ocupar, passam a ser os diretores escolares a tratar das vagas.
Filinto Lima espera que o ministério anuncie a entrada em funcionamento de uma BCE em que as escolas recebem a lista dos professores que podem preencher as vagas e, depois, são as escolas que contactam diretamente os professores.
"Este sistema é muito mais rápido, porque o diretor, quando liga ao professor, pode tentar convencê-lo a aceitar a vaga e, no caso de o docente a recusar, pode passar logo para o nome seguinte da lista, em vez de ter de esperar vários dias por uma resposta. Isto pode ser a solução do problema", explicou Filinto Lima.
Para Manuel Pereira, presidente da Associação Nacional de Dirigentes Escolares (ANDE), "qualquer solução que o ministério apresente será sempre mais eficaz que a existente".
Também Manuel Pereira defende que as listas de professores devem ser entregues às escolas, que assim as podem divulgar publicamente e recorrer a elas sempre que precisem.
"Esta plataforma foi feita pelo ministério e é a DGAE que manda um 'e-mail' para os professores e para as escolas que ficam à espera que os docentes decidam se querem aceitar a vaga. Eu tenho um grupo de professores que deverá responder, ainda no dia de hoje, se aceita ou não o lugar que lhe foi oferecido na passada sexta-feira", criticou o diretor do agrupamento de escolas Serpa Pinto em Cinfães, onde continuam a faltar docentes.
O ministro da Educação, Nuno Crato, disse hoje aos deputados da comissão parlamentar de Educação, Ciência e Cultura que o caminho é o aprofundamento da autonomia da escolas na contratação de docente.
"Não está em causa a contratação de escola, o aprofundamento da autonomia das escolas é um objetivo que não iremos abandonar", disse Nuno Crato. "Um erro informático e incorreções processuais não colocam em causa um processo que todos sabemos estar na direção correta. O caminho não é recuar na autonomia, é dar às escolas a escolha dos professores".
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