Ébola: Responsável espanhol de saúde acusado de "linchamento" de paciente infectada

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Porto Canal / Agências

Madrid, 10 out (Lusa) - Os principais partidos políticos espanhóis e os sindicatos do setor da saúde teceram duras críticas ao responsável da Saúde da região de Madrid, Javier Rodriguez, que acusam de "linchar publicamente" a paciente infetada com o Ébola.

Em causa estão declarações que Rodrigiuez, 'ministro' regional da Saúde, proferiu na Assembleia de Madrid, onde acusou a auxiliar de enfermagem, Teresa Romero Ramos, de ter mentido sobre o seu estado de saúde.

Rodriguez fez declarações posteriores a corrigir a sua expressão mas manteve o tom de acusação à auxiliar de enfermagem.

"O termo mentir foi desafortunado, mas creio que o que fez foi ocultar informação. Se no primeiro momento em que teve contacto (com o vírus) o comunicasse, não teria saído do hospital", disse.

Comentários que se baseiam em declarações da paciente onde esta admitia que poderia ter errado quando retirava o fato de proteção, tendo tocado com a luva na cara.

Essa informação não foi ainda confirmada e as declarações e forma como foram recolhidas estão a ser questionadas, já que foram feitas em contactos com a paciente quando esta já estava internada, com febre e "confusa", segundo colegas que a atenderam.

Elvira Gonzalez, do Sindicato de Técnicos de Enfermagem, questionou isso mesmo em declarações no exterior do Hospital Carlos III, afirmando que a paciente cumpriu o protocolo, contactando o hospital quando teve febre.

"Possivelmente tocou? Se a mim, que estou mal, me dizem 20 vezes - 'se calhar enganaste-te, se calhar tocaste' -, eu se calhar digo, 'sim, se calhar'", afirmou.

"O problema é que parece que não a estão só a culpar de ter sido infetada mas quase a avançar para a acusar de um delito contra a saúde pública, porque dizem que foi de férias e ao cabeleireiro e tal", afirmou.

Com a investigação ao caso ainda a decorrer e sem resultados, todas as forças políticas, incluindo do PP no Governo, teceram críticas aos comentários do 'ministro' madrileno.

"As declarações são inapropriadas. Não se pode criticar os profissionais de saúde porque são grandes profissionais. Não lhe pedi que se cale, porque não está na minha mão, ´+e medico como eu e está consciente de que as suas palavras foram um excesso", afirmou Ruben Moreno, porta-voz de saúde do PP no parlamento.

"Não se pode especular, temos que usar dados objetivos. Pedimos isso aos media e aos grupos políticos, que não o façam, por isso tão pouco o pode fazer a administração", afirmou.

Para Antonio Hernao, porta-voz de Saúde do PSOE, é "inaceitável" que Rodriguez "esteja a converter a vítima em culpada", tendo Rosa Diez (UPyD) afirmado que "é sempre mais fácil responsabilizar o mais débil" do que o Governo assumir responsabilidades.

"Estamos perante um falhanço global do Governo que se tenta esquivar com um linchamento global da paciente", afirmou, por seu lado, Gaspar LLamazares (IU).

Segundo o último balanço da Organização Mundial de Saúde, de quarta-feira passada, a epidemia de Ébola já causou a morte de mais de 3.800 pessoas num conjunto de oito mil infetados.

A Libéria, Serra Leoa e Guiné-Conacri são os países mais atingidos pela epidemia, que também já causou mortes na Nigéria, Estados Unidos e Espanha.

 O primeiro caso de contágio fora de África foi detetado, no início do mês, em Espanha e estão seis pessoas internadas em observação num hospital de Madrid.

 O Ébola, que se transmite por contacto direto com o sangue, líquidos ou tecidos de pessoas ou animais infetados, é um vírus que foi identificado pela primeira vez em 1976. Não existe vacina, nem tratamentos específicos e a taxa de mortalidade é elevada. O período de incubação da doença pode durar até três semanas.

ASP // JPS

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