Moreira diz que "problemas técnicos" dificultam transporte público no Ramal da Alfândega

Porto Canal/Agências
O presidente da Câmara do Porto apontou "problemas técnicos” que dificultam o transporte público de passageiros no Ramal da Alfândega e disse que o município aguarda o desenho da linha ferroviária de alta velocidade.
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“Há problemas técnicos complicados que ainda estão a ser avaliados, nomeadamente a questão dos túneis, que tem uma bitola e altura que não é fácil para transporte público”, afirmou Rui Moreira, na segunda-feira à noite, durante a Assembleia Municipal.
O autarca, que respondia a questões levantadas pelos deputados municipais do BE e CDU sobre o respetivo ramal, esclareceu que estão a decorrer avaliações, também relacionadas com “o encaixe” da linha de alta velocidade em Campanhã.
“Estamos à espera de saber exatamente qual vai ser o desenho da alta velocidade porque a última coisa que gostaríamos era de estar a fazer ali uma ligação que depois viesse a ser destruída pela alta velocidade porque a ideia é que ele [o transporte público] chegue a Campanhã”, acrescentou.
Rui Moreira afirmou ainda que a obra não irá avançar neste mandato e que os trabalhos que estão a decorrer no Ramal da Alfândega permitirão ao próximo executivo municipal “decidir o que lá pode ser feito”.
“Neste momento a evolução do transporte, nomeadamente em veículos que não precisam de carril, é uma evolução muito acelerada, e pode ser quiçá, que o futuro, daqui a um ou dois anos quando aquilo estiver pronto, seja adquirir veículos dessa natureza”, assinalou, dizendo ser apenas "uma possibilidade".
No início de 2024, o vereador do Urbanismo da Câmara do Porto afirmou que o município preferia uma solução com pneus, ao invés da ferroviária, para o transporte público coletivo de passageiros no Ramal da Alfândega, permitindo o seu uso para mobilidade suave.
"Estamos, neste momento, a trabalhar num cenário de concessão desse transporte", um vaivém entre Campanhã e a zona da Alfândega do Porto, no centro histórico, disse Pedro Baganha, acrescentando estar "completamente compatibilizado" com o Plano de Urbanização de Campanhã, da autoria do arquiteto e urbanista catalão Joan Busquets.
O ramal liga Campanhã a Miragaia num percurso misto em túneis e a céu aberto, e está desativado desde 1989, tendo sido utilizado para o transporte de mercadorias até à Alfândega do Porto.
Um estudo da STCP Serviços, apresentado em outubro de 2023, avançava que a recuperação do ramal poderia ascender a 22 milhões de euros, enquanto a adaptação a uma solução rodoviária custaria metade, cerca de 10,7 milhões de euros (1,2 milhões de euros referentes aos veículos e 9,5 milhões de euros referentes à infraestrutura), tendo como "cenário base" a ligação direta entre Campanhã e a Alfândega.
O estudo indicava ainda que qualquer uma das soluções deveria ter "uma procura potencial" de 2.800 passageiros por dia e entre 835 mil e um milhão de passageiros por ano, dos quais 60% portugueses.
A STCP Serviços avaliou também a construção de três estações, as características dos túneis e estimativa de custo, bem como as soluções ferroviárias e rodoviárias compatíveis com o ramal, que conta com aproximadamente 3,7 quilómetros de extensão, dos quais 1,3 quilómetros são em túnel.
As dimensões do túnel, nomeadamente a sua largura (3,2 metros), e a existência de uma conduta de abastecimento de água "limitam as soluções" a adaptar naquela infraestrutura.
O estudo avaliou ainda a possibilidade de concessionar ou de manter o ramal na esfera municipal, operando-o através da STCP, concluindo ser "financeiramente sustentável e atrativa para o concessionário" a possibilidade de existir uma concessão a 15 anos, com o arranque do serviço de transporte em 2028.