Câmara do Porto e IP discutem faturas do Plano de Urbanização de Campanhã

Câmara do Porto e IP discutem faturas do Plano de Urbanização de Campanhã
| Porto
Pedro Benjamim

A construção de uma nova rua em Campanhã entre a linha ferroviária e a Via de Cintura Interna (VCI) vai obrigar à demolição de habitações e irá rasgar terrenos - casa de uma associação ecologista, que quer colocar as pessoas “em contacto com a terra”. Os custos para implantar esta nova artéria são tema de debate entre a Câmara do Porto e a Infraestruturas de Portugal (IP), para decidir que orçamento irá suportar os custos.

 
 
 
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O Plano de Urbanização de Campanhã (PUC), alavancado pela chegada da Alta Velocidade ao Porto, terá um caderno de encargos dividido entre o município e a IP. “O Plano de Urbanização de Campanhã tem sido objeto de um conjunto de reuniões periódicas com a equipa técnica e com a Câmara Municipal e também com a Câmara Municipal e com a IP, porque apesar de o plano ser um Plano de Urbanização para a Câmara Municipal ele está a ser feito no âmbito da Alta Velocidade”, aponta o vereador Pedro Baganha ao Porto Canal.

Desta forma, “há um conjunto de intervenções que vão ser investimento da IP, há um conjunto de intervenções que vão ser investimento da Câmara Municipal”, frisa o vereador com o pelouro do Urbanismo e Espaço Público.

A IP irá suportar os custos da infraestrutura essencial para a operação da Alta Velocidade, incluindo os acessos da futura estação à rede rodoviária principal. “A estação é investimento da Infraestruturas de Portugal: estação, os parques de estacionamento, toda a zona envolvente, a parte ferroviária. E depois as acessibilidades diretas rodoviárias, ou seja, aquilo que permite no dia em que a estação entre em funcionamento estar com as acessibilidades normais e suficientes para que ela possa funcionar”, avança o vice-presidente da IP ao Porto Canal.

Carlos Fernandes detalha que na lista de pagamentos da entidade pública está contemplada “a melhoria da ligação da VCI à estação e também parte da via Corniche” - nome de código usado no Plano de Urbanização de Campanhã.

Desta forma, esta nova rua que está na “zona cinzenta” do Plano - define o vereador do Urbanismo - terá uma fatura dividida entre as duas entidades. O objetivo, frisa, é “minimizar o tempo de concretização deste plano, que sabemos é a médio prazo. É um plano que demora pelo menos 10 anos a ser concretizado”.

O que vai rasgar a ‘Rua Corniche’?

Porto Canal

Terrenos que serão rasgados pela futura rua

A implantação da nova rua - presente em documentos a que o Porto Canal teve acesso - tem sido olhada ao pormenor pela equipa de trabalho. O vereador Pedro Baganha garante que o traçado já está definido, apesar de ser possível fazer pequenos ajustes. “As grandes opções já estão assumidas. Se a rua vai exatamente por ali ou se é dois metros para o lado, ou se a pendente são 5% ou 8% é esse tipo de trabalho que agora está a ser feito”, afirma ao Porto Canal.

Para o vereador da Câmara do Porto este novo arruamento é essencial para que seja cumprida a eficácia prometida no Plano de Urbanização de Campanhã, através do ‘anel híbrido’. É “absolutamente crítico que haja uma via que ligue a zona do Freixo à zona do Terminal Intermodal de Campanhã e à face oriental da futura estação de Alta Velocidade, parece-nos absolutamente crítico”, considera Pedro Baganha sobre a construção da Rua Corniche.

Em declarações ao Porto Canal, Joan Busquets - autor do Plano - defende que este novo arruamento “é um elemento que não é de fácil construção”. A rua Corniche terá também uma ligação a um dos níveis da praça leste da estação de Campanhã, a nova face que vai nascer do lado da futura linha de Alta Velocidade”.

O objetivo, garante Pedro Baganha, “é tentar minimizar os impactos para concretizar as opções de plano. Queremos minimizar as expropriações, queremos minimizar os desalojamentos, queremos minimizar as demolições. É inevitável que algumas terão que existir na Rua do Freixo”.

Em declarações ao Porto Canal, Baganha recorda que a primeira proposta do urbanista responsável pelo Plano “era muito mais violenta a esse nível do que aquela que agora estamos a trabalhar, precisamente por imposição da Câmara Municipal de ajuste do traçado minimizando a interferência com as construções pré-existentes”.

Acessos à Alta Velocidade

Esta nova artéria, desenhada no PUC, é uma nova via “que liga a cota alta à cota baixa - liga a parte da rua do Freixo à estação”, refere o diretor do departamento de estações da IP, Daniel Ferreira. “Essa via Corniche pode constituir um elemento principal de acessibilidade à estação porque dará acesso aos pisos inferiores das garagens”, frisa ao Porto Canal.

Com o objetivo de tornar o acesso mais cómodo, Joan Busquets fez por evitar que “o automóvel tenha que utilizar o mesmo lugar e a rua Corniche terá um sistema de rampas que ligará diretamente ao estacionamento”.

Apesar de a cidade do futuro estar pensada para ser feita com recurso a transportes públicos, o arquiteto que pensou o futuro de Campanhã crê que a chegada à estação, com base na experiência noutros casos europeus, será feita também através de automóvel. “As pessoas vão utilizar a Alta Velocidade para ir a Coimbra ou Lisboa, saindo de Campanhã. Chegaram num veículo e, ou vão acompanhados, ou têm de o lá deixar, é o exemplo que vemos noutras estações em França ou Espanha”, conta o urbanista em entrevista ao Porto Canal.

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