Ramal da Alfândega começa a ser pavimentado este ano para peões e bicicletas
Pedro Benjamim
O Ramal da Alfândega será pavimentado para utilização pedonal e por bicicleta, surgindo mais tarde uma resposta de transporte coletivo, numa solução “em dois tempos”, avança o vereador do urbanismo da Câmara do Porto, em declarações ao Porto Canal.
Pedro Baganha refere que a autarquia irá “pavimentar o terreno [ramal] de tal forma que ele possa ser visitado e possa ser percorrido”. Essa será a solução “num primeiro tempo, que é o mais rápido de concretizar”, para permitir que exista uma “ciclovia, um percurso a pé”.
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O vereador com o pelouro do Urbanismo e Espaço Público avança ao Porto Canal, que a construção da primeira fase arrancará ainda em 2024. “Será este ano que a construção iniciará, certamente”, garante. Baganha explica que “a construção também não é demasiado complexa”.
O vereador aponta que, apesar dos modos mais suaves, o futuro “a médio prazo” passa pelo transporte público. “Sempre na perspetiva de construir no final deste processo um sistema de transportes que una a Ribeira – a Alfândega – a Campanhã”, considerando que esta oferta “é uma mais valia para a cidade”.
Este ano, além de serem dados os primeiros passos para que o ramal possa ser utilizado de forma pedonal e ciclável, o vereador espera que seja também lançado o concurso para que o transporte público chegue à antiga linha de mercadorias. “A STCP Serviços está responsável pela elaboração das peças do concurso de concessão desse meio de transporte e, portanto, contamos lançar o procedimento – espero eu – ainda este ano. Não é a Câmara que o fará, é a STCP Serviços, mas estamos a acompanhar”, afirma.
Contactada pelo Porto Canal, a STCP Serviços recusou comentar.
Ramal foi alvo de trabalhos de consolidação
Para que o ramal possa ser reativado, terminou em 2023 a obra de estabilização da escarpa do ramal da Alfândega. No final de agosto a autarquia anunciava o fim da intervenção que custou mais de 1,25 milhões de euros.
“Nós tivemos um trabalho de alta complexidade: quando nós desmatamos o Ramal da Alfândega percebemos que a rocha estava em muito pior estado do que originalmente supúnhamos. Portanto houve um trabalho quase invisível de consolidação da escarpa. Essa empreitada está terminada, sem a qual não poderíamos utilizar aquele espaço porque havia um perigo de segurança”, disse Pedro Baganha ao Porto Canal.
Em agosto de 2023, a autarquia revelava que "os principais trabalhos incluíram a estabilização preventiva de três taludes rochosos, assim como a limpeza da vegetação, o saneamento dos blocos, a demolição de estruturas em ruínas e o recalçamento de reentrâncias", tendo também sido executada "a reabilitação de muros, a colocação de degraus em falta, a estabilização das construções existentes e a colocação de redes metálicas de alta resistência".
O ramal liga Campanhã a Miragaia, num percurso de 3,7 quilómetros com 1,3km em túneis, está desativado desde 1989, tendo sido utilizado para o transporte de mercadorias até à Alfândega do Porto.
A recuperação do ramal da Alfândega, numa solução rodoviária, poderá custar cerca de 10,7 milhões de euros (1,2 milhões de euros referentes aos veículos e 9,5 milhões de euros referentes à infraestrutura), tendo como "cenário base" a ligação direta entre Campanhã e a Alfândega, segundo um estudo da STCP Serviços apresentado em outubro de 2023.