Desmantelamento da Refinaria de Matosinhos avançou há dois meses. O que se sabe e o que vai acontecer?
João Nogueira
O desmantelamento da Petrogal, em Leça da Palmeira, arrancou há mais de dois meses e a previsão é que em 2026 metade do complexo petroquímico desapareça. Mas o que se sabe até ao momento e qual é o calendário de trabalhos?
Os terrenos da antiga refinaria de Matosinhos estão a ser intervencionados num processo de longa data que remonta a 2020, quando foi anunciada a “descontinuação das operações de produção da refinaria”
Na Rua Dom Marcos da Cruz, em torno da infraestrutura, foi erguido um muro de contentores. Esta foi uma das medidas de prevenção do ruído e poeiras que a Galp adotou enquanto os tanques de armazenagem de crude são demolidos.
Esta demolição avançou em outubro e trata-se de uma primeira fase da operação que, em cerca de dois anos e meio, vai fazer desaparecer aquelas torres da refinaria.
Em resposta ao Porto Canal, a empresa disse que “a primeira fase dos trabalhos, da demolição dos tanques de armazenagem, está a decorrer dentro da normalidade e sem registo de reclamações sobre os trabalhos em curso”.
Em 2026, altura em que se prevê que a primeira fase da demolição esteja concluída, a empresa prossegue para a reabilitação ambiental dos solos. O nível de contaminação é ainda desconhecido, mas sabe-se que todas as parcelas estarão contaminadas.
Processo conturbado
Desde esse anúncio do encerramento em 2020 até aos dias de hoje, o assunto esteve num “vaivém” da esfera pública, fosse pelo futuro desconhecido para aqueles terrenos ou a falta de resposta para os trabalhadores que, em maio de 2021, tiveram a confirmação que a Galp avançaria com o despedimento coletivo. Cerca de 150 trabalhadores foram afetados.
Mais de um ano depois do anúncio do fecho chegou a público o projeto de reconversão dos terrenos, no âmbito da assinatura do protocolo de cooperação entre a Galp, a Câmara de Matosinhos e a CCDR-N.
Hub tecnológico e polo universitário
A reconversão da área da antiga refinaria de Matosinhos prevê “uma pequena cidade tecnológica com vista para o mar”.
O prazo para a apresentação do masterplan para o projeto era de um ano, mas a Galp falhou e o projeto não chegou a público. Mas em entrevista ao Porto Canal, a presidente da Câmara de Matosinhos, Luísa Salgueiro, explicou que “o Innovation District continua a ser o projeto que está em cima da mesa para ser desenvolvido”.
O polo da Universidade do Porto também esteve em cima da mesa para os terrenos da refinaria. Mas o projeto vai ganhar vida numa parcela de terreno, que foi doada pela Galp há 25 anos.
A fração que fica em frente aos tanques que estão a ser destruídos, na Rua Belchior Robles, e estarão livres de qualquer contaminação. Ali vai começar a ser construída uma parte do projeto, de forma a cumprir o calendário das verbas do Fundo de Transição Justa que financiará o novo equipamento e que termina em 2026.
A Universidade do Porto adiantou que naquela parcela “será construído e instalado o centro de excelência nos domínios da neutralidade carbónica e climática, das energias limpas e renováveis, da mobilidade sustentável e da economia circular”, e que o resto do projeto para o polo avança nos terrenos da refinaria assim que o solo seja descontaminado.
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