Demolição da refinaria de Leça começa segunda-feira. Matosinhos “não queria um cemitério industrial”

Demolição da refinaria de Leça começa segunda-feira. Matosinhos “não queria um cemitério industrial”
| Porto
Porto Canal

O desmantelamento da refinaria de Leça da Palmeira começa esta segunda-feira, dia 23 de outubro. Em comunicado, a Galp explica que o processo de demolição industrial vai demorar aproximadamente dois anos e meio.

“Os tanques que estão situados na zona sul da refinaria, que já não são necessários, serão os primeiros a ser demolidos”, explicou a presidente da Câmara Municipal de Matosinhos em entrevista exclusiva ao Porto Canal.

“Eu diria que este é o primeiro momento desta nova fase da refinaria. Matosinhos, dizemo-lo há muito, não queria conviver com um cemitério industrial, e a partir do momento em que aquelas instalações não têm uso importa desmantelá-las, descontaminar aqueles terrenos e dar-lhes novo uso”, argumentou Luísa Salgueiro.

A Galp vai assumir a responsabilidade da reabilitação dos solos, o que só deve acontecer em 2026.

O encerramento da refinaria foi comunicado pela Galp em dezembro de 2020 e concretizado no ano seguinte, num processo muito criticado pelas estruturas sindicais.

 
 
 
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A Câmara Municipal de Matosinhos constituiu um Comité Científico e um Conselho Consultivo sobre a Reconversão da Refinaria, e em fevereiro de 2022, a Galp, a autarquia e a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte (CCDR-N) adiantaram que a antiga refinaria daria lugar a uma cidade da inovação ligada às "energias do futuro". A Presidente da Câmara de Matosinhos reitera que essa “ambição se mantém”.

“O Innovation District (“bairro da inovação”, em português) continua a ser um projeto que está em cima da mesa para ser desenvolvido. É toda aquela área transformada numa área de atração da economia municipal, regional e até à escala internacional, fruto da ambição que ali está prevista, de transformação daqueles ativos numa cidade de inovação com empresas, com universidade, com áreas de investigação. Portanto, o protocolo que foi assinado com a CCDR e com a Galp não está posto de parte”, diz Luísa Salgueiro.

“A ambição mantém-se, as condições mantêm-se. A responsabilidade é da Galp, que tem de apresentar os projetos que ali pretende ver executados, nós temos a responsabilidade de fazer cumprir a legislação e as regras que se aplicam àquela parte do território”, remata a edil de Matosinhos.

Trabalhavam na refinaria 400 pessoas. Dessas, 100 foram dispensados ainda em 2021, através de um despedimento coletivo. Dos restantes, uns chegaram a acordo e outros mudaram de funções dentro do grupo.

Luísa Salgueiro garantiu que “se a vontade entre esse potencial grupo (comprador) e a Galp fosse de reabrir a refinaria, o município naturalmente acompanharia essa vontade se os interesses privados assim decidissem e se fosse vantajoso”, sublinhou a autarca, relembrando o impacto causado pelo encerramento da infraestrutura.

“Nós sabemos que o impacto do encerramento da refinaria foi de 220 milhões de euros, foi o resultado do estudo da Faculdade de Economia da Universidade do Porto. Se fosse essa a vontade, nós acompanharíamos, mas não nos compete a nós decidir. Eu auscultei a Galp, no sentido de perceber se essa era uma vontade real, a Galp disse-me que aquela proposta não tinha sido sequer atendida e que não considerava que fizesse sentido e manteve o plano anterior e estamos a cumprir”, reforça Luísa Salgueiro.

A petrolífera justificou a decisão de encerramento da refinaria de Leça da Palmeira com o contexto europeu e mundial da refinação, com os desafios da sustentabilidade e com as características das instalações.

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