Avenida da Ponte: Arquitetos devem lutar para que plano de Siza para a Sé seja cumprido, defende Nuno Grande

Avenida da Ponte: Arquitetos devem lutar para que plano de Siza para a Sé seja cumprido, defende Nuno Grande
Porto Canal | Pedro Benjamim
| Porto
Ana Francisca Gomes

Nuno Grande defende que todos os arquitetos deviam “pugnar” para que o plano que Álvaro Siza desenhou para a Avenida da Ponte, na Sé, seja executado. Para o arquiteto, aos poucos - “construindo-se lote a lote, em conjunto, por quarteirões” - é possível fazer-se cumprir o plano do maior nome da arquitetura portuguesa, que foi deixado na gaveta pelos diversos executivos que passaram na Câmara Municipal do Porto.

Pensar e projetar um plano para um Centro Histórico de uma cidade como a do Porto, em que vários séculos convivem nos edifícios, muitas vezes justapostos, não é tarefa fácil. Mas a missão pode ficar ainda mais complicada quando se tenta fazê-lo a seguir a nomes como Fernando Távora ou Siza, que já desenharam projetos para a Sé.

Porto Canal

Edifício desenhado por Nuno Grande. Foto: Ana Torres | Porto Canal

Esse foi um peso que herdou Nuno Grande, que em muitos anos foi o único arquiteto a projetar dentro do perímetro da Avenida da Ponte. No ano de 2019, o arquiteto ergueu um edifício em betão, no cruzamento entre a Avenida e a rua do Loureiro, junto à estação de S. Bento.

Por prezar os planos que Siza desenhou para a Avenida da Ponte em 1968 – que mais tarde, em 2001, refez para o Porto Capital Europeia da Cultura –, assim que lhe encomendaram o projeto do edifício, a primeira coisa que Nuno Grande fez foi falar com o primeiro Pritzker português.

“Quando fui ao atelier do Siza ele disse-me logo: ‘você tem sorte porque é a primeira pessoa que vai ter de enfrentar este problema. Ou azar’”, partilha com o Porto Canal.

Para Nuno Grande, Siza pensou a Avenida da Ponte como um plano aberto a outros autores - “como bom democrata que é” - mas que já não espera vê-lo cumprido em vida.

“Acho que fiquei a dever esta conversa que estamos a ter ao Siza. Ele foi generoso comigo e eu quero com isto também dizer que todos os arquitetos deviam pugnar para que – lote a lote, em conjunto, por quarteirões – o plano dele pudesse ser construído. Com uma promoção ou uma regulação pública, do município, mas envolvendo naturalmente outros promotores e arquitetos”.

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