Problemas da VCI põem em risco metas ambientais do Porto, admite Rui Moreira

Problemas da VCI põem em risco metas ambientais do Porto, admite Rui Moreira
Foto: Pedro Benjamim | Porto Canal
| Porto
Porto Canal / Agências

O presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, admitiu este domingo que o trânsito na Via de Cintura Interna (VCI) coloca em risco a meta municipal de atingir a neutralidade carbónica em 2030, lamentando ter pouco poder direto sobre o tema.

"Claro que coloca [em causa]. Com certeza que coloca. As metas são desenhadas presumindo que o aumento de oferta no transporte público é compensado por uma redução no transporte individual que consome combustíveis fósseis", disse à Lusa o autarca independente, questionado acerca do trânsito na VCI.

Em janeiro de 2022, a Câmara do Porto apresentou o Pacto do Porto para o Clima, com o objetivo de atingir a neutralidade carbónica até 2030, e, para Rui Moreira, o trânsito na VCI é, "acima de tudo, um problema de ambiente".

"Nós estamos a fazer uma transição, uma descarbonização, e uma neutralidade carbónica em 2030. Podemos estar a gozar com as pessoas com a ocupação do trânsito desta maneira", reconheceu o autarca.

Porém, para resolver o problema, Rui Moreira considera que a autarquia pode fazer "muito pouco", uma vez que não tem controlo sobre a VCI (pertence à Infraestruturas de Portugal) nem sobre as autoestradas circundantes que também lhe dão acesso.

Para o autarca, a VCI "é uma trombose permitida e acelerada pela política de tarifação que, nas cidades portuguesas, vão ao contrário de tudo aquilo que é norma das metrópoles europeias e mundiais", sendo taxadas as vias radiais e não as circulares.

No caso do Porto, são taxadas as vias metropolitanas circulares da VCI e que lhe dão acesso (A4, CREP-A41 e A43), incentivando os automobilistas a ir para a circular não portajada, a VCI.

Questionado sobre se a Área Metropolitana do Porto (AMP) deveria ter controlo direto sobre as vias de transporte no seu território, Rui Moreira disse que "essa é uma das áreas que claramente deveria ser descentralizada".

"O grande problema é os dois ministérios estarem divididos e, quando os ministérios estão divididos, é muito difícil conseguirmos fazer alguma coisa de concreto", acrescentou Rui Moreira, referindo-se ao facto de a Mobilidade Urbana (com tutela do Metro do Porto) estar no Ministério do Ambiente e a tutela das autoestradas e a ferrovia, que também lidam com questões de mobilidade urbana, estarem no Ministério das Infraestruturas.

Para o autarca, a futura Linha Rubi do Metro do Porto "não vai resolver o problema da VCI", já que a Ponte da Arrábida continuará com três faixas em cada sentido (Rui Moreira defende que o metro deveria usar a ponte da Arrábida e retirar uma faixa em cada sentido), considerando que "o trânsito que vai sair temporariamente da ponte da Arrábida e da VCI vai transformar aquela travessia numa travessia mais atraente", novamente, para os automóveis.

Questionado sobre se a criação de um parque de estacionamento subterrâneo no Campo Alegre, pedido pela câmara, não fomentará precisamente esse aumento do fluxo automóvel, o autarca rejeitou, dizendo que vai "promover o transporte público entre Porto e Gaia", para que quem viva numa zona não servida pelo metro possa lá estacionar, além do novo parque evitar que o polo universitário "seja devassado por automóveis" à superfície, como acontece atualmente.

Quanto à reabertura da Linha ferroviária de Leixões a passageiros, que também serve como circular do Porto, Rui Moreira disse que o município está imbuído "nesse esforço" e "empenhado nisso", apesar de reconhecer que "é mais uma bandeira de Matosinhos".

Na sexta-feira, o presidente da Lionesa, Pedro Pinto, defendeu que a Linha de Leixões deveria ser reaberta a passageiros para descongestionar a VCI, já que segundo um estudo encomendado pela empresa que está a ser finalizado, "se existisse a Linha de Leixões isso levaria a uma redução do volume do trânsito automóvel de 20%" nas áreas circundantes.

Para Pedro Pinto, a Linha de Leixões, na sua totalidade, permitiria às pessoas deslocarem-se, por exemplo, do centro de Matosinhos até Campanhã, no Porto, e se "ligada com o metro" seria "uma via de cintura interna não destinada aos automóveis, mas à ferrovia".

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