Aumento do trânsito na VCI deixa Porto em 'estado de sítio'
Catarina Cunha
O futuro do trânsito na Via de Cintura Interna (VCI) no Porto ainda é incerto, mas o presente continua a ser como sempre o habituamos a ver: entupido por largos quilómetros, faça chuva, ou faça sol, seja em plena ou fora da hora de ponta.
Esta é uma tendência que foi acentuada ao longo dos últimos dias, graças ao regresso às aulas de milhares de alunos, bem como ao retorno ao trabalho após período de férias.
Na semana em que se celebra o dia europeu sem carros, o Porto Canal consultou o relatório de tráfego do segundo trimestre do presente ano, disponível no sítio oficial do Instituto de Mobilidade dos Transportes (IMTT), e comprovou que o tráfego na VCI entre abril a junho, cresceu face a igual período de 2022.
Na VCI, no mês de abril, registou-se uma média diária de carros de 94.152; em maio de 98.539 e em junho de 96.508. Comparando com a média diária de carros no ano transato, verificou-se um aumento de 3.6% em abril de 2023; já em maio o crescimento foi de 5.5% e em junho a subida foi de 6%.
O pós-pandemia deixou a sensação de que os hábitos de mobilidade dos portugueses tinham alterado e o uso dos transportes públicos havia sido massificado. Mas, como vimos, os números refutam esta premissa.
O tráfego na cidade do Porto é caraterizado pelos movimentos pendulares, designados por ‘commuttting’. Na prática, este fenómeno traduz-se por deslocações entre municípios para o trabalho ou escola e de regresso ao ponto de origem - casa.
A acrescentar a isto, a VCI também é a alternativa utilizada para as deslocações do espectro empresarial. Milhares de camiões percorrem a VCI na impossibilidade de viajarem para outra via mais acessível, uma vez que a A41, ou CREP como é popularmente apelidada, que em tempos foi o ‘milagre’ apresentado para retirar trânsito à VCI, é portajada, o que afoguenta os automobilistas.
Tráfego no Porto traz perda de tempo e custos
Segundo o índice de tráfego Tomtom, o tempo de viagem na cidade do Porto intensificou em 2022. No ano transato, para percorrer cerca de 10 quilómetros, um condutor gastava 15 minutos e 8 segundos, mais 30 segundos comparativamente a 2021.
Já às 12h desta quarta-feira, o tempo de viagem por 10 quilómetros, num trajeto só de ida, estava nos 15 minutos e 30 segundos, 1 minuto e 18 segundos acima do aferido, habitualmente, a esta hora do dia.
Fomos ver os números referentes às últimas 48h e também não há surpresas.
Às 18h desta segunda-feira, em pleno regresso às aulas, o tempo gasto por 10 km foi de 17 minutos e 30 segundos e na terça-feira de 18 minutos e 7 segundos, ou seja, existiu um aumento de 1 minuto e 40 segundos.
A nível geral, de acordo com as estimativas da mesma fonte, em 2022 os condutores passaram em média 148 horas “agarrados ao volante”, sendo que destas, 63 horas foram perdidas em congestionamentos.
Fala-se de tempo, falam-se de custos. Conforme as previsões divulgados no sítio oficial do Tomtom, os automobilistas gastaram em viagem aproximadamente 704 euros, sendo que destes, 125 euros, foram causados pelo trânsito.
Ver esta publicação no Instagram