É possível viver no Porto sem carro? Família do pequeno Tom tentou mas não conseguiu
Maria Pinto Silva
O ex-jornalista e escritor Peter Füssy, recém-chegado à cidade do Porto e pai de Tom, um menino de três anos, escreveu o livro infantil "Se Essa Rua Fosse Minha", inspirado nas dificuldades sentidas pela família para se deslocar no Porto sem carro.
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Celebra-se sexta-feira, 22 de setembro, o Dia Mundial sem Carro e é por isso mesmo que Peter luta diariamente, por uma infância melhor e mais qualidade de vida para Tom. Foi depois da chegada da família Füssy à cidade Invicta que surgiu a ideia de escrever um livro infantil sobre a mobilidade no Porto. “O livro nasceu depois de eu me mudar de Amesterdão para o Porto com a minha família e a nossa chegada aqui teve um impacto tremendo a níveis de mobilidade”, contou ao Porto Canal o brasileiro de 40 anos, ex-jornalista do portal Terra e da Globo.
O pai do pequeno Tom confessa que ao chegar ao Porto sentiu um retrocesso muito grande quanto à capacidade da família se movimentar no dia-a-dia. “Quando cheguei o Tom tinha apenas dois anos e na Holanda conseguíamos fazer a nossa vida sem carro. Andávamos sempre a pé, de transportes públicos e de bicicleta, então quando chegámos ao Porto foi um choque ver uma cidade que é organizada totalmente em torno dos carros”, disse Peter Füssy.
Apesar de defender a mobilidade suave, Peter entende perfeitamente quem é "resistente a sair do carro, porque nos dias de hoje tudo é construído para que o carro pareça ser a única saída", reconhecendo que também já foi essa pessoa quando vivia no Brasil e lamenta ter de voltar a ser dependente do veículo agora em Portugal. “Tentámos continuar o estilo de vida que tínhamos em Amesterdão de não ter carro, mas foi muito complicado”, revela Peter.
Ao perceber que a mobilidade a pé era dificultada, começou a andar de autocarro, mas a pouca frequência do serviço e horários pouco fiáveis fizeram com que a experiência fosse "inviável". Depois, o uso de TVDE levou a alguns conflitos relacionados com o transporte do bebé e do cão e Peter confessa que apesar de até agora ter tido sempre uma boa experiência no metro, este fica a mais de 20 minutos de casa.O pai de Tom considera que é necessário “organizar a cidade além dos carros, restringir a utilização de carros, principalmente na baixa, privilegiar as outras mobilidades de transporte, investir mais nos transportes públicos como o metro, que é um ótimo transporte, mas não atende todas as regiões”.
A narrativa começa em tons cinzentos "para mostrar mesmo que essa é a sensação feita da cidade para carros", evoluindo para tons coloridos à medida que "o Tom, a personagem principal, consegue ir mudando e a rua é estruturada, passa a ganhar cores e a ganhar vida".