Exposição do BES à ESFG aumentou 500 ME no 2. trimestre
Porto Canal / Agências
Lisboa, 31 jul (Lusa) -- O BES aumentou a exposição à Espírito Santo Financial Group (ESFG) e subsidiárias em mais de 500 milhões de euros apenas no segundo trimestre.
O BES, que tem a ESFG como principal acionista com 20% do seu capital, divulgou na quarta-feira à noite as contas do primeiro semestre, em que teve prejuízos de 3.577,3 milhões de euros.
No documento, o banco refere a exposição direta às empresas do Grupo Espírito Santo (GES), sendo de destacar que apenas à ESGF e subsidiárias o banco aumentou a exposição no segundo trimestre do ano para 927,6 milhões de euros, ou seja, mais 511,4 milhões de euros do que o valor registado no final de março.
O maior aumento de exposição regista-se em relação à empresa ES Financière, seguida do banco ES Bank Panamá.
Em março, a exposição do BES ao banco no Panamá era de 210,6 milhões de euros enquanto em junho já ascendia a 342,2 milhões de euros, sendo este valor referente a crédito. Entretanto, a 18 de julho, o regulador bancário do Panamá assumiu o controlo temporário deste banco face à sua falta de liquidez e "potencial insolvência".
Já na ES Financière, os 110,8 milhões de euros registados em março comparam com os 480,1 milhões de euros de junho, ou seja, quatro vezes mais, sendo que a maior parte deste valor também se refere a crédito.
Para fazer face à elevada exposição do BES à ESFG e subsidiárias e a eventuais imparidades, nas contas semestrais foi constituída uma provisão de 823 milhões de euros.
Este valor representa a maior fatia do total de 1.206 milhões de euros provisionados pelo BES para fazer face a eventuais perdas que venha a registar com empresas do GES a quem deu crédito ou prestou garantias.
As contas semestrais do BES referem, ainda sobre a exposição à ESFG, que só em junho de 2014 a exposição à 'holding' se agravou em 120 milhões de euros, "em consequência de algumas operações realizadas entre o banco e estas entidades" que não tiveram a aprovação prévia dos órgãos do banco competentes, pelo que está em marcha uma análise para se perceber as condições em que ocorreu.
É ainda referida a garantia da ESFG face à dívida emitida pela Rioforte e Espírito Santo International em que deu como penhor a seguradora Tranquilidade e a colocação de dívida da ESFG na Tranquilidade no valor de 150 milhões de euros. Segundo o documento, o agravar da situação da ESFG pelo pedido de proteção de credores afeta "de forma muito relevante o valor da garantia prestada (...) tendo este facto levado o BES a assumir diretamente o reembolso aos seus clientes a retalho".
Ainda dentro dos 1206 milhões de euros provisionados, 144 milhões de euros referem-se à exposição do BES à Rioforte e subsidiárias, 'holding' em que houve um aumento da exposição total de 69,6 milhões de euros em março para 270,8 milhões de euros em junho.
O principal motivo para o aumento da exposição tem a ver com o mandato dado ao BES para a venda de ativos da Rioforte e "cuja execução pode estar afetada em consequência do pedido de proteção de credores" também apresentado por esta 'holding' no Luxemburgo.
Já a 28 de julho, acrescenta o documento, a exposição do BES à Rioforte era de 190 milhões de euros, "decorrente do facto de o banco ter aceitado adquirir a esta entidade valores mobiliários com vista à geração de liquidez tendente ao reembolso pela Rioforte de papel comercial colocado pelo BES indiretamente em alguns dos seus clientes de retalho", o que ainda não aconteceu.
Por fim, foi constituída uma provisão de 239 milhões de euros a propósito da exposição bruta de 297 milhões de euros do BES à Escom.
Relativamente a esta empresa do Grupo Espírito Santo (GES) houve um acordo para a sua venda à petrolífera angolana Sonangoljá em 2010, mas o negócio ainda não foi concretizado e pago na totalidade, com o BES a referir que espera uma conclusão "para breve" deste processo.
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