Quatro anos após encerramento, restaurante da antiga Confeitaria Cunha continua sem destino
Fábio Lopes
Quatro anos depois de fechar portas, o emblemático Restaurante da antiga Confeitaria Cunha continua sem destino. O edifício Emporium, onde o centenário negócio estava instalado, foi reabilitado e transformado num condomínio de 23 apartamentos.
Começou por ser, há mais de um século uma padaria, ainda na Rua de Santa Catarina, no coração da cidade Invicta e tornou-se num dos mais aclamados restaurantes do Porto e do país.
Paragem obrigatória na Invicta, a Confeitaria Cunha marcou gerações até fechar portas em 2019. Agora, outros negócios por lá estão instalados, mas o célebre restaurante permanece com o seu futuro incerto.
"Passei lá coisas muito agradáveis, banquetes, fiz, banquetes fabulosos, fabulosos, O meu pai tinha a loja, trabalhava muito. Mas depois criámos a de Sá da Bandeira. Foi um estrondo, não há dúvida nenhuma e criamos muitas amizades" relembra, num tom saudoso, Valdemar Bonito, antigo proprietário da histórica marca.
Instalado no edifício Emporium, o centenário negócio era poiso habitual dos artistas de casas de espetáculos como o Coliseu e o Rivoli. Com o seu fecho, o imóvel foi transformado num condomínio de luxo de 23 apartamento, de tipologias T1 a T4, pela sociedade Emporium 658 - Investimentos Imobiliários, Lda., tendo a comercialização estado a cargo da Predibisa e JLL.
Este imóvel é um dos mais carismáticos edifícios da Rua Sá da Bandeira, tendo sido projetado pelo arquiteto José Porto e mandado construir, em 1948, para ser um empreendimento de rendimento pela sociedade José Oliveira & Filhos, fundador da Riopele.
Projetada no início dos anos 70 pelos arquitetos Victor Palla e Bento d'Almeida, a Confeitaria Cunha encerrou atividade com a promessa de manter o traço arquitetónico, na fachada do edíficio, bem como no seu interior, incluído, desde 2018, no programa municipal "Porto de Tradição".
Em entrevista ao Porto Canal, Alexandre Quintas e Sousa, assegura que procurou "ativamente alguém para explorar" o centenário negócio, mas as contingências da pandemia impossbilitaram que tal acontecesse, tendo a indefinição se arrastado até aos dias de hoje.
Um património humano a que se junta o arquitectónico e o cultural, que marcou indelevelmente a cidade do Porto e que permanece com destino.
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